Por Andrei Makhovsky
MINSK (Reuters) - Belarus iniciou nesta quinta-feira a libertação de algumas das milhares de pessoas detidas em meio a uma repressão do presidente Alexander Lukashenko que levou a União Europeia a cogitar impor sanções.
Alguns dos libertados na capital Minsk mostravam hematomas, disseram ter ficado em celas lotadas e se queixaram de maus tratos, inclusive espancamentos. Uma porta-voz do Ministério do Interior não quis comentar de imediato.
Sua libertação ocorre enquanto milhares de pessoas formavam cadeias humanas e marchavam pelas ruas pela quinto dia consecutivo de protestos contra Lukashenko, que acusam de fraudar a eleição presidencial de domingo para prorrogar seu governo de 26 anos.
Os manifestantes foram acompanhados por funcionários de algumas fábricas estatais, que são o orgulho do modelo econômico de estilo soviético de Lukashenko, noticiou a mídia.
Em Minsk, embaixadores da UE depositaram flores no local em que um manifestante morreu, ao som dos brados e da comemoração de uma multidão.
Alegando um complô apoiado do exterior para desestabilizar o país, Lukashenko tem repudiado os manifestantes, que classifica como criminosos e desempregados.
O governo disse que mais 700 pessoas foram detidas durante uma quarta noite de confrontos entre policiais e manifestantes na quarta-feira.
Pessoas diante do centro de detenção de Okrestina, algumas em prantos, aguardavam na esperança de conseguir notícias de amigos e parentes do lado de dentro. Policiais e soldados com metralhadoras as afastaram quando elas se aproximaram demais.
Sergei, um dos detidos soltos, disse que havia 28 pessoas em uma cela que normalmente conteria cinco. Os presos se revezavam para dormir, disse, e receberam um único pão para dividir durante dois dias.
"Eles não me espancaram na cela, tiraram-me da cela e então me espancaram", disse Sergei, que não quis informar o sobrenome.
A Reuters não conseguiu verificar seu relato de forma independente.
Lukashenko busca relações melhores com o Ocidente em meio a uma deterioração do relacionamento com a Rússia, uma aliada tradicional.
A UE suspendeu em 2016 parcialmente as sanções, impostas em reação ao histórico de direitos humanos de Lukashenko, mas pode adotar novas medidas ainda neste mês.
(Reportagem adicional de Anton Zverev em Moscou e Gabriela Baczynska em Bruxelas)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC