Por Mark Trevelyan
(Reuters) - O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, libertou pelo menos mais 13 prisioneiros condenados em casos políticos, incluindo um sindicalista veterano e uma ex-jornalista da televisão estatal que sofre de um tumor cerebral, de acordo com ativistas de direitos humanos.
Vasil Berasnieu, 74 anos, é um líder sindical que estava cumprindo uma sentença de nove anos após ser considerado culpado de atividade extremista, incitação ao ódio e convocação de ações consideradas prejudiciais à segurança do Estado.
A ex-jornalista Kseniya Lutskina estava cumprindo pena de oito anos por "conspiração para tomar o poder". Ela foi uma das organizadoras dos protestos em massa que eclodiram em agosto de 2020, quando Lukashenko reivindicou a vitória em uma eleição presidencial que a oposição e governos ocidentais o acusaram de ter fraudado fortemente.
O grupo de direitos humanos Viasna disse que eles e pelo menos 11 outros foram libertados esta semana sob perdões emitidos por Lukashenko em 16 de agosto. Outras 18 pessoas haviam sido libertadas no início de julho.
A imprensa estatal bielorrussa enquadrou os perdões como um ato humanitário generoso de Lukashenko. Em entrevistas na TV estatal, alguns dos ex-detentos foram mostrados expressando remorso e gratidão.
Lukashenko, um aliado próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, governa Belarus há três décadas. Ele usou seu aparato de segurança para esmagar os protestos em 2020, prendendo muitas centenas de pessoas e forçando outras a fugir para o exterior.
Franak Viacorka, assessor da líder da oposição exilada Sviatlana Tsikhanouskaya, disse que as mais recentes libertações foram notícias bem-vindas, mas não representaram nenhuma mudança verdadeira.
"É um pequeno sucesso de diplomacia combinado com pressão internacional", disse, à Reuters. "Estamos felizes com o fato de que pessoas em más condições de saúde foram libertadas. Provavelmente isso salvará suas vidas. Mas não podemos dizer que houve uma mudança de política."
O Viasna diz que a taxa de processos judiciais em Belarus está, na verdade, aumentando, e não diminuindo, com pelo menos 170 pessoas condenadas em julho por crimes relacionados à política.
O grupo de direitos humanos afirma que cerca de 1.400 prisioneiros políticos estão atualmente detidos. Os mais conhecidos são o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Ales Bialiatski, a líder dos protestos de 2020, Maria Kalesnikava, e Syarhey Tsikhanouski, marido da líder oposicionista exilada Sviatlana Tsikhanouskaya.
Dmitry Bolkunets, um ativista da oposição, disse que a libertação dos prisioneiros foi resultado de pressão internacional sobre Lukashenko, especialmente da Polônia. A Polônia tem influência porque é o principal ponto de entrada para os produtos de Belarus na União Europeia por rodovias e ferrovias, incluindo remessas originárias da China e da Rússia.
Bolkunets, que também reuniu assinaturas de dezenas de ganhadores do prêmio Nobel exigindo a libertação dos prisioneiros políticos bielorrussos, disse à Reuters que tinha esperança de que essa pressão pudesse levar a mais libertações -- potencialmente em 30 de agosto, quando Lukashenko comemora seu 70º aniversário, ou quando Belarus marcará seu feriado de unidade nacional, em 17 de setembro.
(Reportagem de Mark Trevelyan)