Por Ian Ransom
MELBOURNE (Reuters) - Cheio de determinação, Tomas Berdych pôs fim a oito anos de tirania do algoz Rafael Nadal e chegou à semifinal do Aberto da Austrália nesta terça-feira, antes de seu próximo adversário, Andy Murray, restaurar o imperialismo colonial britânico na quadra central australiana.
Em um dia de surpresas, Maria Sharapova chamou Eugenie Bouchard de volta à realidade e irá enfrentar na semi feminina uma compatriota russa, a canhota Ekaterina Makaraova, que massacrou a terceira cabeça de chave, Simona Halep.
"Se estou feliz por conseguir melhorar meu jogo depois de um punhado de partidas que não me deixaram satisfeita? Sim, com certeza", disse Sharapova. "Mas o mais difícil é o que vem pela frente. Espero ser capaz de aproveitar isso e jogar ainda melhor".
Makarova, que se diz acanhada fora das quadras, despachou Halep e ainda não perdeu nenhum set no torneio.
"Não sou tímida na quadra. É um grande palco", afirmou. "Nunca a derrotei (Sharapova), então vai ser duro".
Na sessão noturna, Murray falou em nome da velha guarda, impondo-se diante do adolescente e esperança local Nick Kyrgios por 6-3, 7-6(5) e 6-3, desanimando a torcida australiana empolgada pela tradicional rivalidade esportiva entre a ex-colônia e a Grã-Bretanha.
Mas foi a derrota de Nadal em parciais de 6-2, 6-0 e 7-6(5) que abalou o complexo de Melbourne Park.
Grande sacador, o tcheco Berdych tinha um histórico de 17 derrotas para o espanhol, a sequência mais longa da era profissional, e romper essa maldição foi resultado de um plano executado à perfeição.
"Ah, é uma sensação ótima", disse Berdych a repórteres. "Tudo estava dando certo. Consegui executar tudo realmente bem".
Um detalhe intrigante é que o homem que ajudou Berdych a bolar o plano foi Dani Vallverdu, ex-técnico assistente de Murray que deixou de trabalhar com o escocês em novembro.
Berdych, de 29 anos, foi imbatível nos dois primeiros sets, que fechou em exatamente uma hora, e aplicou o primeiro ‘pneu' sobre Nadal em um Grand Slam desde sua final de Wimbledon em 2006 contra Roger Federer.
"Simplesmente não era meu dia. Não joguei com a intensidade certa, o ritmo certo", disse um Nadal decepcionado, que mesmo assim ficou contente com seu desempenho levando em conta ter se recuperado recentemente de lesões e de uma cirurgia.
Já Murray, todo vestido de preto, não deu chance ao ousado Kyrgios, de 19 anos. Ele buscou o apoio da torcida, mas Murray reagiu à altura, encerrando a partida com uma saraivada de winners brilhantes.
"Tentei começar o mais rápido possível, porque sei como ele é perigoso", afirmou Murray sobre seu rival, que eliminou Nadal em Wimbledon em 2014 a caminho das quartas de final.