Por Nandita Bose e Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, saudaram uma nova era no relacionamento entre seus países depois que a Casa Branca estendeu o tapete vermelho para o premiê indiano na quinta-feira, divulgando acordos de defesa e comércio destinados a conter a influência global da China.
“Duas grandes nações, dois grandes amigos e duas grandes potências. Saúde", disse Biden a Modi em um brinde em um jantar de Estado. Modi afirmou em resposta: "Você fala manso, mas quando se trata de ação, você é muito forte."
Embora os países não sejam aliados formais vinculados a tratados e a Índia valorize sua independência, Washington quer que Nova Délhi seja um contrapeso estratégico para a China. Nenhum dos líderes criticou Pequim diretamente em declarações oficiais, mas eles se referiram ao governo liderado por Xi Jinping.
"As nuvens negras de coerção e confronto estão lançando sua sombra no Indo-Pacífico", disse Modi ao Congresso. "A estabilidade da região tornou-se uma das preocupações centrais da nossa parceria."
Depois que Biden e Modi falaram em particular por mais de duas horas, uma declaração conjunta incluiu um alerta sobre o aumento das tensões e ações desestabilizadoras no Mar da China Oriental e Meridional e enfatizou a importância do direito internacional e da liberdade de navegação.
"Os desafios e oportunidades que o mundo enfrenta neste século exigem que a Índia e os Estados Unidos trabalhem e liderem juntos, e nós estamos", disse Biden ao dar as boas-vindas a Modi na Casa Branca.
O jantar de Estado, realizado em uma grande tenda erguida no gramado sul da Casa Branca, contou com vários executivos do Vale do Silício na lista de convidados, incluindo Tim Cook, da Apple (NASDAQ:AAPL), Anne Wojcicki, CEO da 23andMe, Sundar Pichai, CEO do Google (NASDAQ:GOOGL), Sam Altman, CEO da OpenAI, entre outros.
Modi está tentando elevar o status que a Índia, o país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes e a quinta maior economia, tem no cenário mundial como uma potência diplomática e manufatureira enquanto navega por laços tensos com a China.
Sua própria participação em uma entrevista coletiva na Casa Branca foi um reflexo de tradições políticas contrastantes, marcando a primeira vez que Modi respondeu a perguntas nesse formato em seus nove anos de mandato. Ele respondeu a uma pergunta de um jornalista norte-americano e de um indiano previamente selecionados e rejeitou as críticas sobre o histórico de direitos humanos da Índia.
Washington vinha se frustrando com os laços estreitos da Índia com a Rússia, no momento em que Moscou trava uma guerra na Ucrânia. Modi evitou mencionar diretamente a Rússia, mas disse aos parlamentares que o conflito estava "causando grande dor na região. Como envolve grandes potências, os resultados são graves."