Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, realizarão na quarta-feira sua primeira conversa presencial desde que Netanyahu assumiu o poder em dezembro, com tópicos que devem incluir o Irã e um possível acordo de normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita.
Biden havia adiado a apresentação de um convite a Netanyahu devido à preocupação com uma reforma judicial que restringe o poder dos juízes realizada por seu governo de direita e a expansão dos assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada.
Em vez de se reunirem na Casa Branca - local preferido de Netanyahu - os dois líderes acabaram marcando suas conversas nos bastidores da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
As autoridades norte-americanas esperam que a reforma judicial seja abordada, bem como os esforços para combater o programa nuclear do Irã e a possibilidade do que seria um grande desenvolvimento - a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita.
Netanyahu esperava uma visita mais cedo aos EUA devido ao seu longo histórico de negociações com presidentes norte-americanos, mas Biden resistiu. Netanyahu não conseguiu uma reunião nos primeiros meses de Biden na Casa Branca em 2021 e foi então deposto. Ele voltou ao poder em dezembro passado.
Em vez disso, Biden deu as boas-vindas ao presidente israelense Isaac Herzog, um cargo amplamente cerimonial, na Casa Branca em julho para marcar o 75º aniversário da fundação de Israel.
Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita têm discutido um possível acordo no qual israelenses e sauditas normalizariam as relações diplomáticas e Washington e Riad concordariam com um pacto de defesa, mas as negociações ainda estão longe de terminar.
David Makovsky, um observador de longa data do Oriente Médio no Washington Institute for Near East Policy, afirmou em uma publicação no X, anteriormente conhecido como Twitter, que a reunião "ocorrerá 265 dias após a posse de Netanyahu, o maior intervalo desde 1964".
"O enorme potencial do acordo saudita deixou Biden e Netanyahu com pouca escolha a não ser se encontrarem apesar das diferenças", disse ele.
Autoridades norte-americanas também não descartaram uma eventual reunião na Casa Branca entre Biden e Netanyahu.
O governo Biden está calculando que os EUA poderiam colher grandes recompensas de um mega-acordo como esse se conseguirem superar grandes obstáculos.
"Tivemos décadas de conflito no Oriente Médio. A união desses dois países teria um efeito poderoso na estabilização da região", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao programa "Good Morning America", da ABC News, observando que ainda há desafios para se chegar a um acordo.
(Reportagem adicional de Susan Heavey)