HARARE (Reuters) - Os bispos católicos do Zimbábue e a sociedade jurídica criticaram o governo por supostos abusos aos direitos humanos e repressão aos dissidentes, aumentando as preocupações com o tratamento dado pelas autoridades aos oponentes em meio ao agravamento da crise econômica.
O governo do presidente Emmerson Mnangagwa respondeu rapidamente, dizendo que as acusações "malignas" eram infundadas.
A inflação em mais de 800% é o sinal mais claro da pior crise econômica em mais de uma década e evocou memórias da hiperinflação de Robert Mugabe, cujo governo de 37 anos foi encerrado por um golpe do Exército em 2017.
A Conferência dos Bispos Católicos do Zimbábue disse em uma carta pastoral que o país passou por uma crise de várias camadas, incluindo colapso econômico, aumento da pobreza, corrupção e abusos dos direitos humanos.
"O medo percorre a espinha de muitos do nosso povo hoje. A repressão à dissidência não tem precedentes", disseram os bispos na carta, lida nas igrejas católicas no domingo.
"É este o Zimbábue que queremos? Ter uma opinião diferente não significa ser um inimigo."
Em resposta, a ministra da Informação, Monica Mutsvangwa, criticou o chefe da conferência episcopal, o arcebispo Robert Ndlovu, e descreveu a carta pastoral como uma "mensagem maligna" destinada a atiçar um "genocídio do tipo de Ruanda".
"Suas transgressões (de Ndlovu) adquirem uma dimensão geopolítica como o principal sacerdote da agenda de mudança de regime que é a marca registrada das grandes potências ocidentais pós-imperiais nas últimas duas décadas", disse Mutsvangwa em um comunicado.
(Reportagem de MacDonald Dzirutwe; Edição de Catherine Evans)