SANTIAGO (Reuters) - Os bispos da Igreja Católica do Chile pediram perdão nesta sexta-feira pelos abusos sexuais de membros do clero contra menores e se comprometeram a informar sobre todos os casos, além de aumentar a coordenação com a procuradoria nas investigações.
Após um conclave em uma localidade litorânea próxima de Santiago, a cúpula da igreja reconheceu que "falhou" em seu dever de atender e acompanhar as vítimas devido ao "graves pecados e injustiças cometidas por sacerdotes e religiosos".
As denúncias contra diversos membros da Igreja Católica chilena levaram o papa Francisco a abrir uma investigação neste ano que provocou a saída de bispos e outros sacerdotes acusados de praticar ou encobrir abusos contra menores.
"Não reagimos a tempo ante os dolorosos abusos sexuais, de poder e de autoridade, e por isso pedimos perdão em primeiro lugar às vítimas e sobreviventes", disse Santiago Silva, presidente da Conferência Episcopal do Chile.
"Alguns de nós conseguimos ser mais ativos e atentos à dor sofrida pelas vítimas, pelos familiares e pela comunidade eclesial", acrescentou.
De acordo com dados da procuradoria chilena, há 38 casos vigentes de delitos cometidos por clérigos e laicos contra menores, adolescentes e adultos. No total, são 73 pessoas investigadas e 104 vítimas, a maioria delas menores de idade no momento dos abusos.
Em resultado disso todos os membros do episcopado combinaram uma série de medidas e compromissos na intenção de pôr fim às faltas e omissões que provocaram a pior crise da Igreja Católica no Chile.
"A partir desta data, divulgaremos publicamente toda investigação prévia sobre possíveis abusos sexuais de menores de idade praticados em nossas jurisdições. Solicitamos o mesmo dos superiores de congregações religiosas", disse Silva.
Juntamente com ele, o episcopado reiterou seu compromisso de colaborar com a justiça civil para que dezenas de casos nas mãos da procuradoria chilena sejam investigados.
"Pretende-se fazer um convênio para ter uma transmissão fluida de informação que esteja conforme tanto com a igreja, de acordo com nossa normativa, como também com os requerimentos do Ministério Público. Isso está em discussão", disse o secretário-geral do Episcopado, Fernando Ramos.
Sobre a possibilidade de a igreja entregar os nomes das vítimas à procuradoria, Ramos disse se tratar de um dos tópicos que estão "em discussão".
(Por Antonio de la Jara)