Por Simon Lewis
CAIRO (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, alertou nesta quarta-feira contra o risco de uma escalada no Oriente Médio, depois que a detonação de milhares de pagers do Hezbollah ameaçou inviabilizar a mais recente iniciativa de diplomacia regional.
A notícia das explosões foi divulgada no momento em que o principal diplomata dos EUA viajava para o Cairo para se reunir com autoridades egípcias de alto escalão, na expectativa de avançar nos esforços para garantir um cessar-fogo na Faixa de Gaza e melhorar os laços com o Egito.
O grupo militante Hezbollah prometeu retaliar contra Israel, acusando o adversário de detonar pagers em todo o Líbano na terça-feira, matando pelo menos 12 pessoas, incluindo duas crianças, e ferindo cerca de 3.000.
Israel se recusou a responder perguntas sobre as explosões.
Questionado sobre o incidente, Blinken disse que os EUA ainda estão reunindo os fatos, mas que não é do interesse de ninguém que o conflito se espalhe.
"É imperativo que todas as partes se abstenham de qualquer ação que possa aumentar o conflito", disse Blinken em uma coletiva de imprensa ao lado de seu homológo egípcio.
Ele não disse quem os EUA acreditam estar por trás das explosões.
Blinken afirmou que está concentrado em garantir um acordo de cessar-fogo que trará calma, inclusive para a fronteira norte de Israel com o Líbano, e que 15 dos 18 parágrafos de um acordo haviam sido consentidos por todos os lados.
O processo envolveu longas esperas para que as mensagens fossem transmitidas entre as partes, o que deixou tempo para que incidentes atrapalhassem as negociações, disse Blinken.
"Vimos que, nesse intervalo de tempo, pode haver um evento, um incidente -- algo que dificulte o processo, que ameace retardá-lo, interrompê-lo, descarrilá-lo -- e qualquer coisa dessa natureza, por definição, provavelmente não é boa em termos de alcançar o resultado que queremos, que é o cessar-fogo", disse Blinken.
Ele citou a execução de seis reféns israelenses pelo Hamas no mês passado. Ele não citou o nome de Israel, que se acredita ter como alvo membros de grupos adversários no Líbano, na Síria e no Irã, o que tem atrasado as negociações.