Por Simon Lewis
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, vai a Bruxelas nesta terça-feira para conversar com aliados europeus preocupados com a possibilidade de o presidente eleito, Donald Trump, abandonar a Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.
Em sua primeira viagem ao exterior desde a vitória de Trump na eleição presidencial de 5 de novembro, Blinken fará uma parada em Bruxelas antes de visitas programadas ao Peru e ao Brasil, de acordo com um anúncio.
Em reuniões com autoridades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia, Blinken "discutirá o apoio à Ucrânia em sua defesa contra a agressão da Rússia", disse o anúncio do Departamento de Estado, sem detalhar a mensagem que ele transmitirá.
Além de fornecer bilhões de dólares em ajuda militar para a Ucrânia, o presidente Joe Biden tem trabalhado para expandir a Otan e reunir países de todo o mundo a fim de isolar a Rússia após a invasão em grande escala de Moscou em 2022.
Trump tem criticado a assistência de Biden à Ucrânia, fomentando a preocupação sobre o futuro do apoio ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em uma Casa Branca, Senado e Câmara dos Deputados controlados pelos republicanos.
As Forças Armadas da Ucrânia estão sob crescente pressão da Rússia ao longo de uma linha de frente de mais de 1.000 km, o que sobrecarrega as tropas, que já estão em menor número.
Autoridades norte-americanas disseram que vão pressionar para implantar a ajuda já prometida para a Ucrânia antes que Trump assuma o cargo em 20 de janeiro, na expectativa de ajudar as forças de Kiev a afastar as tropas russas, que vêm ganhando território.
"Estamos trabalhando arduamente para deixar a Ucrânia em uma posição tão forte quanto possível, tanto pelo aumento da assistência até o final do governo quanto pela coordenação com parceiros em todo o mundo para garantir que eles estejam prontos para intervir em qualquer brecha", disse uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato.
Isso inclui aliados europeus com os quais Blinken se reunirá em Bruxelas, mas também outros, como a Coreia do Sul, que pode desempenhar um papel fundamental devido ao seu alarme com o aprofundamento da aliança entre a Rússia e a Coreia do Norte, disse a autoridade.
A Ucrânia disse na semana passada que havia entrado em conflito com alguns dos cerca de 11.000 soldados norte-coreanos enviados para a região russa de Kursk.
"O trabalho mais importante que eles podem fazer é essencialmente entregar o máximo possível disso aos europeus", disse Anne-Marie Slaughter, presidente-executiva do think tank New America e ex-funcionária do Departamento de Estado.
Os países europeus têm se preparado para uma possível segunda Presidência de Trump, mas estão ansiosos para sinalizar publicamente que trabalharão com o presidente eleito, disse ela.
"(Blinken) pode ser capaz de fazer algumas coisas nos bastidores", disse Slaughter, além de "lembrar aos europeus que eles ainda têm muitos amigos nos Estados Unidos, mesmo que o governo tenha uma visão muito diferente."
Desde a vitória de Trump, os líderes europeus têm procurado influenciá-lo a manter o apoio à Ucrânia, enfatizando publicamente os vínculos da Rússia com a Coreia do Norte, o Irã e a China.