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Boris Johnson enganou Parlamento deliberadamente, diz relatório de comitê britânico

Publicado 15.06.2023, 09:25
© Reuters. Premiê britânico Boris Johnson durante coletiva de imprensa em conferência da Otan, em Madri, Espanha
30/06/2022
REUTERS/Yves Herman

Por Elizabeth Piper e William James

LONDRES (Reuters) - O ex-premiê do Reino Unido Boris Johnson deveria ter o acesso automático ao Parlamento negado por enganar deliberadamente os parlamentares sobre festas durante o lockdown da Covid-19, afirmou um comitê nesta quinta-feira em relatório.

Johnson reagiu chamando as conclusões de "lixo".

O comitê de privilégios - principal órgão disciplinar dos parlamentares - disse que Johnson enganou o Parlamento em várias ocasiões sobre festas em Downing Street de uma maneira sem precedentes para um primeiro-ministro.

O comitê também acusou Johnson de ser "cúmplice de uma campanha de abuso e tentativa de intimidação" contra eles.

As conclusões foram um novo revés para um dos políticos mais divisivos do Reino Unido que em 2019 levou os conservadores a uma vitória esmagadora nas eleições, mas cujo mandato foi interrompido por escândalos.

Johnson revidou, repetindo sua inocência e classificando o relatório como "lixo", "uma mentira" e "uma farsa", e acusando os membros do comitê de travar uma vingança contra ele.

O impasse fará pouco para curar as divisões profundas entre os conservadores e só pode aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Rishi Sunak, cujo esforço para tentar impulsionar a economia do Reino Unido está sendo ofuscado pelo drama de Johnson.

O relatório de mais de 100 páginas detalha seis eventos realizados em Downing Street, onde ficam escritórios e residência do primeiro-ministro.

"Concluímos que, ao enganar deliberadamente a Câmara, o Sr. Johnson cometeu um grave desacato", disse o comitê.

"O desacato foi ainda mais grave porque foi cometido pelo primeiro-ministro, o membro mais sênior do governo. Não há precedente para um primeiro-ministro ter deliberadamente enganado a Câmara (dos Comuns, câmara baixa do Parlamento)."

O comitê recomendou que ele não tenha direito a um passe de ex-membro, o qual permite à maioria dos ex-primeiros-ministros e ex-parlamentares acesso automático ao Parlamento.

O Parlamento considerará a recomendação do comitê na segunda-feira.

Questionado sobre as conclusões do relatório, um porta-voz de Sunak disse que o primeiro-ministro ainda não o leu, mas acredita que o comitê realizou o inquérito adequadamente e "que não seria correto deturpar ou criticar o trabalho".

O comitê, formado por quatro conservadores e três parlamentares da oposição, rejeitou a defesa de Johnson de que as reuniões estavam dentro das regras e que seus assessores haviam apoiado sua crença de que esse era o caso.

© Reuters. Premiê britânico Boris Johnson durante coletiva de imprensa em conferência da Otan, em Madri, Espanha
30/06/2022
REUTERS/Yves Herman

Em vez disso, disse que Johnson foi "deliberadamente dissimulado quando tentou reinterpretar suas declarações à Câmara". Afirmou que se Johnson ainda fosse membro do Parlamento, teria recomendado uma suspensão da Câmara dos Comuns por 90 dias.

Johnson renunciou ao Parlamento na semana passada depois de ver uma cópia antecipada do relatório, chamando o inquérito de "caça às bruxas", uma crítica que ele fez novamente após sua divulgação.

"Eu acreditava, corretamente, que esses eventos eram razoavelmente necessários para fins de trabalho. Estávamos administrando uma pandemia", disse ele em comunicado.

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