SYDNEY (Reuters) - O brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, executado na Indonésia por tráfico de drogas e diagnosticado com esquizofrenia e transtorno bipolar, não entendia o que estava acontecendo a ele até os momentos finais, disse nesta quinta-feira um padre designado como seu conselheiro espiritual a uma rádio australiana.
Gularte estava entre as oito pessoas de diversos país condenadas por crimes de entorpecentes que foram executadas pouco após a meia-noite da madrugada de quarta-feira (horário local).
O Brasil fez repetidos apelos à Indonésia para comutar sua pena por razões humanitárias, citando as condições psicológicas de Gularte.
O padre Charlie Burrows, padre local que acompanhou Gularte em suas horas finais, disse à ABC que considerava ter preparado o brasileiro para sua execução.
Gularte estava calmo e foi algemado por carcereiro, mas ficou nervoso quando foi entregue aos policiais no lado de fora do presídio, onde foram colocadas correntes em suas pernas, disse Burrows.
"Pensei ter passado a mensagem que ele seria executado, mas... quando as correntes foram colocadas, ele disse para mim: 'padre, vou ser executado?'", disse.
Gularte foi preso após entrar na Indonésia em 2004 com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe e condenado à morte em 2005.
A família de Rodrigo Gularte, de 42 anos, apresentou diversos laudos médicos às autoridades indonésias, atestando suas condições mentais, e a presidente Dilma Rousseff fez apelos pessoais sobre o caso.
Gularte foi o segundo cidadão brasileiro a ser executado na Indonésia este ano, após o fuzilamento de Marco Archer, em janeiro, também condenado por tráfico de drogas.
O governo brasileiro recebeu com "profunda consternação" a notícia da execução por fuzilamento de Gularte e disse considerar um "fato grave" nas relações entre os dois países.
(Reportagem de Jane Wardell)