Por Silvia Aloisi
MILÃO (Reuters) - O pedido do líder da Liga, Matteo Salvini, para eleições antecipadas na Itália após ter se voltado contra seu próprio parceiro de coalizão enfrentava forte resistência neste domingo, com seu ex-aliado, o movimento 5-Estrelas, e a oposição de centro-esquerda tentando puxar o freio.
A Liga de extrema-direita de Salvini apresentou na sexta-feira uma moção de desconfiança para derrubar o governo que formou com o movimento antiestablishment 5-Estrelas, um movimento que ele espera que leve à novas eleições já em outubro, e o coloque no comando da Itália.
Mas este plano está enfrentando críticas de outros partidos, cujo suporte no Parlamento será necessário para que o voto de desconfiança da Liga seja bem-sucedido.
O ex-líder do Partido Democrático, Matteo Renzi, que ainda detém forte influência sobre seu partido de centro-esquerda, disse neste domingo que realizar novas eleições quando o governo está prestes a começar os preparativos para o Orçamento de 2020 seria “loucura”.
Em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera, Renzi pediu que fosse instalado um governo provisório com o suporte de partidos de todo o espectro político. A primeira tarefa de tal governo seria encontrar cerca de 23 bilhões de euros para evitar um aumento nos impostos sobre vendas que, caso contrário, valerá a partir de janeiro.
“Nós vamos voltar às urnas, é claro. Mas as poupanças dos italianos devem vir em primeiro lugar”, disse Renzi.
Ele também apoiou o pedido do 5-Estrelas para que uma lei que reduz o número de membros do Parlamento e senadores em 345 seja aprovada antes das novas eleições. Atualmente há 630 membros da câmara baixa e 315 senadores.
O líder do 5-Estrelas, Luigi Di Maio, também disse no domingo que gerar uma crise no governo agora era “insensato e perigoso”.
Embora o PD, ele mesmo profundamente dividido, e o 5-Estrelas permaneçam com posições opostas em muitos assuntos, comentaristas sentiram uma aproximação entre os dois lados, unidos pelo desejo de frustrar os planos de Salvini, considerando que ele sairia vitorioso em uma eleição antecipada.
Mas o atual líder do PD, Nicola Zingaretti, disse à TV estatal que não acredita que a proposta de Renzi de um governo provisório funcione.