SANTIAGO (Reuters) - Caminhoneiros do Chile pediram no domingo que uma greve de âmbito nacional comece na quinta-feira se o presidente Sebastián Piñera e o Congresso não agirem imediatamente para conter uma onda crescente de ataques contra seus colegas na região de Araucanía.
A ameaça de paralisação vem depois de uma menina de nove anos ser hospitalizada com um ferimento de tiro após um ataque ao caminhão betoneira de seu pai. A polícia iniciou uma investigação, mas ainda não identificou suspeitos.
A Confederação Nacional de Transporte de Cargas do país (CNTC) disse que o Congresso falhou na aprovação de leis necessárias para deter estes tipos de ataque e puni-los adequadamente.
"Exigimos que o Congresso aprove urgentemente... as 13 leis relacionadas à prevenção, perseguição e sanção de crimes", disse a entidade no comunicado, referindo-se aos projetos de lei atualmente sob análise dos parlamentares.
Sem isso, alertou, uma greve começará após a meia-noite de quinta-feira. Ela incentivou outros a participarem da paralisação para garantir "o restabelecimento do Estado de Direito".
Araucanía testemunhou uma disparada de ataques a caminhões de transporte e a fábricas nos últimos meses. A região do centro-sul chileno vem sendo abalada há tempos por um conflito fervilhante entre os indígenas mapuche e o governo federal.
Grupos mapuche negaram o ataque no sábado e no domingo. Não ficou claro de imediato se alguém assumiu a responsabilidade pelo incidente ou quem o fez.
Araucanía abriga muitos dos 1,7 milhão de indígenas mapuche que vivem no Chile. Ativistas indígenas locais dizem que suas terras estão cada vez mais ameaçadas pela agricultura, pela silvicultura e outras indústrias e culpam o Estado por não preservar seus direitos históricos.
Grupos militantes que dizem lutar pelos direitos dos mapuche assumiram a autoria de alguns ataques anteriores a caminhoneiros e empresas, disse a polícia.
(Por Dave Sherwood)