(Reuters) - O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, criticou duramente nesta terça-feira a presidente Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, e se apresentou como a opção de mudança do chamado campo progressista na disputa deste ano.
"Ela (Dilma) jogou fora essa oportunidade. Ou não soube fazer ou não teve força para fazer ou não teve capacidade política de entender qual era o papel dela na história", disse Campos em sabatina organizada conjuntamente pelo jornal Folha de S.Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e Rede SBT.
"Ela que se dizia desenvolvimentista, vai nos legar o tempo de mais baixo crescimento; ela que dizia que ia baixar os juros, vai nos legar os juros mais altos no tempo em que as famílias brasileiras estão mais endividadas; ela que dizia que ia baixar a energia elétrica, a energia foi lá para cima", listou Campos.
Dizendo que o país está cansado da polarização PT X PSDB, o ex-governador de Pernambuco, que aparece num distante terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, disse que sua campanha não quer "falar mal de quem quer que seja".
Num momento em que a ampla maioria da população deseja mudança, segundo as pesquisas, Campos disse que existem dois projetos para mudar o país: o seu, do campo progressista, e o do "campo conservador", como classificou a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, o segundo colocado na disputa. Dilma lidera a corrida.
Mencionando em vários momentos sua companheira de chapa, a ex-senadora Marina Silva, que teve em 2010 quase 20 milhões de votos como candidata presidencial, Campos disse estar tranquilo com a posição que ocupa nas pesquisas no momento, porque a campanha acabou de começar.
Embora oficialmente a campanha eleitoral tenha se iniciado apenas no último dia 6, a chamada pré-campanha aconteceu com grande movimentação dos candidatos no primeiro semestre do ano.
Nesse período, porém, Dilma contou com uma vantagem por ter mais exposição na mídia devido ao seu cargo. A campanha tende a embalar mesmo apenas com o início do horário da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, em meados de agosto. E aí, novamente, Dilma terá vantagem, por ter mais tempo já que conseguiu apoio de mais partidos à sua candidatura.
Questionado se as alianças regionais não seriam incoerentes com sua postura de fazer a política de um modo diferente --no Estado de São Paulo, o PSB está coligado ao PSDB, e no Rio de Janeiro está aliado ao PT-- Campos minimizou isso, dizendo que o importante mesmo é conquistar o governo federal, para poder mudar o país. "É Brasília que alimenta a política atrasada nos Estados."
Campos disse também defender a mesma proposta de Aécio, para que o mandato presidencial passe de quatro para cinco anos, com o fim da reeleição.
O candidato defendeu ainda passe livre em ônibus para estudantes pobres e reafirmou seu compromisso com escola de tempo integral, uma nova tabela do Imposto de Renda e quatro milhões de casas populares.
(Por Alexandre Caverni e Renan Fagalde)