CARACAS (Reuters) - A candidata de oposição da Venezuela, Maria Corina Machado, afirmou nesta segunda-feira que não se afastará da disputa em favor de um substituto, apesar de a suprema corte do país ter decidido manter a proibição que a impede de ocupar cargos públicos.
A decisão de sexta-feira impede Machado, uma engenheira industrial de 56 anos, de se registrar para as eleições presidenciais marcadas para a segunda metade do ano, com o tribunal alegando ela apoiou sanções dos EUA, esteve envolvida com corrupção e perdeu dinheiro associado a ativos estrangeiros da Venezuela.
“Não haverá recuo. Temos um mandato e vamos completá-lo”, disse Machado durante entrevista coletiva em Caracas. “Um candidato substituto é o plano daqueles que não querem mudança, e nosso plano é a mudança, ponto final.”
A decisão foi um “crime judicial”, disse Machado, acrescentando que ainda terá muitos obstáculos pela frente, mas que haverá eleições neste ano.
Os Estados Unidos condicionaram a continuação do afrouxamento das sanções -- concedido em outubro como parte de um acordo eleitoral assinado em Barbados -- à libertação de prisioneiros, incluindo norte-americanos “injustamente detidos”, pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e ao progresso na retirada de banimentos contra várias figuras da oposição.
Em dezembro, a Venezuela libertou 24 dos seus próprios cidadãos e 10 norte-americanos, em troca da liberdade de uma autoridade de Maduro e da extradição de um empresário malaio procurado pelos Estados Unidos.
Os EUA estão analisando sua política de sanções, disse o Departamento de Estado no último sábado.
Machado, que venceu as primárias de outubro por larga margem, nunca apoiou a ideia de nomear um sucessor. Ela também havia pedido um representante em conversas entre a oposição e Caracas.
Os EUA podem restaurar parcialmente as sanções após a decisão, dizem analistas.
“Antecipamos um restabelecimento parcial do regime de sanções”, disse o BancTrust & Co em uma nota nesta segunda-feira, acrescentando que o restabelecimento completo era improvável, porque as sanções se provaram ineficazes para promover mudanças políticas.
O relaxamento na negociação de títulos deve permanecer, segundo analistas do JPMorgan (NYSE:JPM), embora as perspectivas para o relaxamento das sanções ao petróleo sejam mais incertas em razão dos benefícios econômicos aos dois países, da alta imigração de venezuelanos aos EUA e das guerras no Oriente Médio e no leste europeu.
(Reportagem de Vivian Sequera em Caracas e Julia Symmes Cobb em Bogotá; reportagem adicional de Gary McWilliams em Houston e Marc Jones em Londres)