MADRI (Reuters) - Os socialistas da Espanha tiveram sua candidata nomeada presidente da câmara baixa do Parlamento, chamada Congresso dos Deputados, nesta quinta-feira, com o apoio de partidos separatistas catalães, no primeiro passo do primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, para formar um novo governo.
A Espanha está travada em um Parlamento dividido após uma eleição inconclusiva em julho, mas a votação de quinta-feira para presidente do Congresso pode ser vista como um barômetro para a força relativa dos blocos de esquerda e direita em meio às negociações para formar um governo.
Francina Armengol foi nomeada presidente depois de obter 178 votos no Parlamento de 350 lugares. O candidato do conservador Partido Popular (PP) obteve apenas 137 votos, enquanto o Vox, de extrema direita, que está em coalizão com o PP em várias regiões da Espanha, votou em seu próprio candidato, Ignacio Gil, em vez do PP.
A votação encerrou horas de negociações tensas entre as partes e acordos de concessões em troca de apoio.
O PP, liderado por Alberto Núñez Feijóo, ganhou mais assentos do que o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) nas eleições de julho, mas não garantiu uma maioria absoluta e enfrenta uma batalha difícil para reunir apoio suficiente para formar um governo, potencialmente tendo que contar com o Vox.
O PSOE conquistou o segundo maior número de assentos e buscará formar um governo com o apoio de seu parceiro de extrema-esquerda Sumar e uma rede de partidos menores, incluindo os separatistas catalães Esquerra Republicana (ERC) e Juntos pela Catalunha (Junts).
Armengol foi líder da região das Ilhas Baleares, de língua catalã, de 2015 a junho de 2023, governando em coalizão com o Podemos, de extrema esquerda, e um partido irmão do ERC.
Sua candidatura à presidência foi vista como um aceno para os partidos catalão, basco e galego.
O líder do ERC Gabriel Rufián disse em entrevista coletiva que, embora o partido tenha apoiado a candidata dos socialistas a presidente do Congresso, isso não implicava apoio à formação de um governo de Sánchez.
(Reportagem de Inti Landauro)