Por Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - Candidatos que disputam a nomeação do Partido Democrata para a disputa presidencial de 2020 nos Estados Unidos criticaram o presidente Donald Trump neste domingo, condenando sua última abertura ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, dizendo que o encontro entre os dois era pobre em conteúdo e exaltava um ditador inescrupuloso.
O republicano Trump se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar em solo norte-coreano neste domingo, utilizando sua propensão ao exibicionismo para surpreender e conseguir a realização de negociações com Kim na zona desmilitarizada que divide as duas Coreias.
O encontro, realizado após um convite de última hora de Trump, foi elogiado por muitos, inclusive pelo Papa Francisco, como um passo em direção à paz. Críticos classificaram o encontro como uma manobra publicitária e disseram que Trump desperdiçou um importante gesto simbólico quando há poucos indícios de que a Coreia do Norte tenha tomado passos em direção à desnuclearização.
Diversos democratas em campanha para substituir Trump na Casa Branca nas eleições de 2020 disseram que não havia nada de errado em conversar com adversários dos Estados Unidos, incluindo Kim. Essa rodada de conversas, no entanto, deveria seguir uma série de preparações intensas e avanços significativos da Coreia do Norte na questão nuclear, disseram.
"Nosso presidente não deveria desperdiçar a influência americana em uma oportunidade para fotos e troca de cartas de amor com um ditador inescrupuloso", disse a senadora norte-americana Elizabeth Warren em uma publicação no Twitter.
Seus colegas de Senado Bernie Sanders e Kamalla Harris também chamaram o evento de "oportunidade para fotos".
Sanders disse que não culpava Trump pelo encontro com Kim, mas perguntou: "O que acontecerá amanhã ou depois? Ele enfraqueceu o Departamento de Estado. Se iremos promover a paz neste mundo, precisamos de um Departamento de Estado forte, precisaremos avançar diplomaticamente, e não só criar oportunidades para fotos".
Trump elevou o perfil do ditador ao se encontrar com Kim em três oportunidades diferentes, sem nenhum resultado concreto para apresentar, de acordo com os democratas Julian Castro, ex-secretário de habitação na presidência de Barack Obama, e o deputado Beto O'Rourke.
A Coreia do Norte não cumpriu os compromissos firmados em reuniões anteriores com Trump, e preparações intensas deveriam ter sido feitas antes do encontro entre os líderes para garantir que o progresso fosse feito, disseram os democratas.
"Ele está fazendo o processo ao contrário", disse Castro.
Um porta-voz para o ex-vice-presidente Joe Biden disse que Trump "mimando" ditadores às custas da Segurança nacional dos Estados Unidos.
A Coreia do Norte fez lançamentos de mísseis no mar ainda no mês passado, notou a Senadora norte-americana Amy Klobuchar, mostrando a necessidade dos Estados Unidos a entrarem em conversas como essas com uma missão e objetivos claros.
"Não é fácil assim, como levar um prato quente de presente para o ditador vizinho", disse.
Os candidatos falaram nos programas "State of the Union", da CNN, "This Week" da rede ABC, e no "Face the Nation", da CBS.