NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os ataques aéreos da Rússia na região síria de Aleppo mataram cerca de 1.200 civis, sendo 380 crianças, disse o grupo de defesa civil sírio Capacetes Brancos aos investigadores de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma carta vista pela Reuters na quinta-feira.
Os Capacetes Brancos, a Rede Síria de Direitos Humanos, a Associação Independente de Médicos e o Centro de Documentação de Violações delinearam suas acusações contra a Rússia em um documento de 39 páginas entregue à Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria.
O documento lista cerca de 304 supostos ataques realizados principalmente entre julho e dezembro na região de Aleppo, nos quais os grupos dizem haver uma "probabilidade alta" de responsabilidade russa.
A missão russa na ONU não estava disponível de imediato para comentar as alegações. A Rússia, que vinha apoiando uma ofensiva militar de soldados do governo sírio na cidade de Aleppo, disse que cessou os ataques aéreos na localidade em meados de outubro.
"Indícios mostram claramente que a Rússia cometeu ou foi cúmplice de crimes de guerra na Síria", disse a carta dos Capacetes Brancos à Comissão de Inquérito da ONU.
A comunicação disse que as acusações se basearam em relatos de testemunhas e em provas que os corroboram, inclusive imagens em vídeo que identificam as aeronaves responsáveis pelos ataques, áudio interceptado de cabines de aeronaves e as munições usadas.
Milhares de pessoas foram retiradas do último bastião rebelde de Aleppo na quinta-feira, as primeiras a saírem conforme um acordo de cessar-fogo que pode encerrar anos de combates na cidade e representar uma grande vitória para o presidente da Síria, Bashar al-Assad.
Em outubro, o Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu à Comissão de Inquérito sobre a Síria, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, para identificar os perpetradores dos crimes de guerra em Aleppo.
(Por Michelle Nichols)