Por Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - A capitã alemã de um navio de resgate de imigrantes irá processar o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, por difamação, informou seu advogado nesta sexta-feira, intensificando a batalha de intenções entre a alemã, que atua numa ONG humanitária, e o líder de extrema-direita.
Carola Rackete, de 31 anos, foi libertada de sua prisão domiciliar na terça-feira após um juiz dispensar as acusações de que ela teria colocado em perigo as vidas de funcionários italianos ao ignorar ordens militares e aportar com uma embarcação cheia de migrantes no porto da cidade de Lampedusa.
Salvini repetidamente atacou Rackete, chamando-a de "pirata" e de "fora da lei", e prometendo expulsá-la da Itália.
O advogado de Rackete, Alessandro Gamberini, disse que uma ação estava sendo montada. "Nós já preparamos esse caso contra o ministro Salvini", disse ele à Rádio Cusano Campus, acusando o ministro de incentivar o ódio.
Rackete foi alvo de ameaças de estupro e morte nas redes sociais. Ela está atualmente escondida.
"Um caso de difamação é uma maneira de enviar um sinal. Quando as pessoas são atingidas na carteira, elas entendem que não podem insultar pessoas gratuitamente", disse Gamberini em referência às multas que podem ser aplicadas caso Salvini perca o caso.
Salvini, que dirige o partido de extrema-direita Liga, e também atua como vice-primeiro-ministro no governo de coalizão, pareceu apreciar a perspectiva de um possível encontro na Justiça.
"Ela quebra a lei e ataca embarcações militares italianas, e aí me processa. Gangsters não me assustam, quanto mais uma comunista alemã rica e mimada!", escreveu Salvini no Twitter.
Rackete enfrenta possíveis acusações de auxiliar a imigração ilegal e de desrespeitar autoridades públicas, e será questionada na Sicília por magistrados na semana que vem. Seu barco "Sea-Watch 3" foi apreendido enquanto a investigação continua.