Por Delphine Schrank e Mica Rosenberg
IXTEPEC, México/EDINBURG, Estados Unidos (Reuters) - Em algumas das cidades do México que estão acolhendo uma "caravana" de mais de 1.200 imigrantes da América Central que ruma para a fronteira dos Estados Unidos, as recepções de boas-vindas estão acontecendo a despeito dos pedidos do presidente norte-americano, Donald Trump, para que as autoridades mexicanas a detenham.
Autoridades locais têm oferecido alojamento em praças e armazéns vazios ou providenciado transporte para os imigrantes que participam de uma jornada organizada pelo Povo Sem Fronteiras, um grupo de defesa da imigração. As autoridades têm requisitado ônibus, carros, ambulâncias e caminhões da polícia, mas esta ajuda pode não ser totalmente altruísta.
"As autoridades querem que deixemos suas cidades", disse Rodrigo Abeja, um dos organizadores do Povo Sem Fronteiras. "Elas têm nos ajudado, em parte para acelerar a saída do grupo maciço de suas jurisdições."
Em algum momento da primavera (no hemisfério norte) a jornada de 3.200 quilômetros da caravana, que partiu de Tapachula, próximo da divisa da Guatemala, em 25 de março terminará na fronteira dos EUA, onde alguns de seus membros pedirão asilo e outros tentarão se infiltrar no país.
Abeja disse haver muita pressão das autoridades para interromper a caravana "por causa da reação de Donald Trump". O governo mexicano emitiu um comunicado na noite de segunda-feira dizendo que está comprometido com a migração "legal e ordeira".
O governo disse que a caravana ocorre desde 2010 e que é composta principalmente de pessoas da América Central que entram no México sem terem cumprido os requisitos legais necessários.
"Por esta razão, os participantes (da caravana) são sujeitos a um procedimento administrativo migratório, e 400 já foram repatriados aos seus países de origem em cumprimento rigoroso da lei e respeitando os direitos humanos", disse.
Aqueles que não têm permissão para ficar no México ou que não fizeram a solicitação pelos canais apropriados devem contar que serão enviados de volta para casa, disse um funcionário do governo, falando sob condição de anonimato.
Na segunda-feira Trump criticou a caravana duramente no Twitter, acusando o México de "fazer muito pouco, se não NADA" para deter o fluxo de imigrantes que cruzam a divisa norte-americana ilegalmente.
"Eles precisam deter os grandes fluxos de drogas e pessoas, ou eu acabarei com sua fonte de dinheiro, o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte)", concluiu.