SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal autorizou a realização de leilões de subvenção para sustentação dos preços do milho no Brasil, segundo portaria interministerial publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União.
Foram destinados 500 milhões de reais para a realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural ou a sua Cooperativa (Pepro) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O mecanismo, que deverá ajudar a movimentar um mercado que está bastante lento no físico, pode favorecer exportações brasileiras este ano.
O volume de recursos já havia sido comentado pelo ministro da Agricultura, Neri Geller, mas até o início da semana dependia do aval do Ministério do Planejamento.
A portaria no Diário Oficial não estabelece a data de realização dos pregões, mas Geller disse na segunda-feira que eles deverão ser realizados até o dia 15 deste mês.
Os 500 milhões de reais deverão ser suficientes para apoiar o escoamento de 7 milhões a 10 milhões de toneladas, dependendo da disputa durante a realização dos leilões, disse o ministro na ocasião.
O leilão Pepro é um instrumento adotado para dar sustentação aos preços da commodity nas regiões onde a ampla oferta derruba os preços, pagando ao produtor a diferença entre o valor obtido no mercado e os valores mínimos definidos pelo governo.
Em 2013, agricultores contrataram Pepro para 8,86 milhões de toneladas de milho, com expectativa de pagamentos totais de 449 milhões de reais em subvenções, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Diversas entidades representativas de produtores têm pedido ao Ministério da Agricultura a realização de novos leilões de Pepro, num momento em que os preços do grão estão no menor patamar em quase 4 anos no mercado doméstico.
"Os recursos (oficializados nesta terça) ficaram abaixo do que havíamos solicitado, que era 800 milhões de reais, mas já alivia a pressão sobre os produtores rurais", disse o gerente da Comissão de Política Agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Frederico Azevedo, em nota.
EXPORTAÇÕES
Os negócios no mercado físico têm estado desaquecidos em Mato Grosso, com preços pouco atrativos sendo oferecidos aos produtores, que se capitalizaram em safras recentes.
Especialistas dizem que o atual cenário de preços, que trava o mercado interno, traz incerteza para as exportações brasileiras neste segundo semestre.
A realização de leilões de Pepro pode, no entanto, ajudar a aliviar a situação, dando melhor liquidez ao mercado.
"Só acreditamos que o Brasil possa ultrapassar 20 milhões de toneladas de exportações (de milho) com a presença e o apoio do Pepro", disse Pedro Dejneka, presidente da consultoria AGR Brasil, em Chicago.
"Sem Pepro ou outro mecanismo parecido de subsídio, o Brasil não iria ter onde colocar tanto milho, pois não seria competitivo no mercado global", afirmou.
(Por Gustavo Bonato)