Carne não fazia parte da dieta do australopiteco, aponta pesquisa

Publicado 16.01.2025, 18:44
© Reuters. Ilustrações dos molares de australopitecos econtrados na África do SulnImagem divulgada em 16/01/2025nDominic Jack, Instituto de Química Max Planck, Alemanha/Divulgação via REUTERS/Ilustração

Por Will Dunham

(Reuters) - A entrada da carne na dieta foi um marco da linha evolutiva do ser humano, um potencial catalisador de avanços como o aumento do tamanho do cérebro. Mas os cientistas ainda não conseguiram determinar quando a ingestão de carne começou, e por meio de quem.

Uma nova pesquisa trouxe as primeiras evidências diretas de que o australopiteco, importante ancestral do homem que tinha traços de macacos e humanos, consumia pouca ou nenhuma carne, tendo uma dieta baseada em vegetais. O estudo descobriu a dieta de sete indivíduos australopitecos da África do Sul, que viveram de 3,7 a 3,3 milhões de anos atrás, usando a química do esmalte de seus dentes.

“A carne provavelmente teve um papel significativo na expansão da capacidade craniana -- um maior desenvolvimento cerebral -- durante a evolução humana. Recursos animais fornecem uma grande fonte de energia e são ricos em nutrientes, minerais e vitaminas essenciais, críticas para proporcionar um cérebro maior”, afirmou a geoquímica Tina Lüdecke, do Instituto de Química Max Planck, na Alemanha, e da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, principal autora do estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science.

“Nossos dados desafiam a noção de que a carne era um componente crucial da dieta dos australopitecos, apesar de algumas espécies terem sido encontradas com ferramentas de pedra e ossos com marcas de cortes”, disse.

As descobertas sugerem que o consumo de carne foi um desenvolvimento ocorrido a posteriori, talvez por parte das populações que vieram depois, tanto de várias espécies de australopitecos quanto de outras linhagens evolutivas do homem, chamadas “hominídeos”.

O australopiteco habitou o leste e o sul da África de aproximadamente 4,2 milhões a 1,9 milhão de anos atrás. Nossa espécie, Homo sapiens, surgiu há aproximadamente 300 mil anos.

Os sete indivíduos estudados eram vegetarianos.

"Embora o consumo ocasional de carne fosse plausível, como ocorre com primatas modernos não-humanos como chimpanzés e babuínos, nossos dados sugerem que a dieta era primordialmente composta por recursos vegetais", afirmou Lüdecke.

Os australopitecos possuíam proporções faciais como as do macaco, com um cérebro que era cerca de um terço do tamanho da nossa espécie, com braços longos e dedos curvados, usados para subir em árvores. Eles eram bípedes e eretos.

© Reuters. Ilustrações dos molares de australopitecos econtrados na África do Sul
Imagem divulgada em 16/01/2025
Dominic Jack, Instituto de Química Max Planck, Alemanha/Divulgação via REUTERS/Ilustração

"O australopiteco nos dá informações fundamentais sobre a evolução da locomoção bípede e o uso inicial de ferramentas. Embora seus cérebros fossem menores que os nossos, seu tamanho cerebral relativo era ligeiramente maior do que o dos chimpanzés modernos", acrescentou Lüdecke.

O mais famoso de todos é um exemplar chamado Lucy, descoberto na Etiópia em 1974 e que tem cerca de 3,2 milhões de anos de idade. Provavelmente uma fêmea, ela tinha aproximadamente 1 metro de altura. Os machos eram maiores.

As evidências mais antigas do possível consumo de carne entre hominídeos vêm de ossos de animais com marcas de corte, datadas de 3,4 milhões de anos atrás, na Etiópia. É questão em debate se isso comprova realmente o consumo de carne.

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