CARTUM (Reuters) - Confrontos puderam ser ouvidos no sul de Cartum neste domingo, enquanto enviados dos lados em guerra no Sudão estavam na Arábia Saudita para negociações que mediadores internacionais esperam que ponham fim a um conflito de três semanas que já matou centenas de pessoas e desencadeou um êxodo.
A iniciativa EUA-Arábia Saudita é a primeira tentativa séria de acabar com os combates entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares que transformaram partes da capital sudanesa em zonas de guerra, descarrilaram um plano apoiado internacionalmente para inaugurar o regime civil após anos de agitação e levantes, e criou uma crise humanitária.
A Arábia Saudita destinará 100 milhões de dólares em ajuda humanitária ao Sudão, informou a televisão estatal saudita Al Ekhbariya neste domingo.
As batalhas desde meados de abril mataram centenas de pessoas e feriram milhares de outras, interromperam o fornecimento de ajuda e enviaram 100.000 refugiados para o exterior.
Manahil Salah, uma médica de laboratório de 28 anos em um voo de evacuação de Port Sudan para os Emirados Árabes Unidos, disse que sua família se escondeu por três dias em sua casa perto do quartel-general do exército na capital antes de finalmente viajar para a costa do Mar Vermelho.
"Sim, estou feliz por sobreviver", disse ela. "Mas sinto uma profunda tristeza porque deixei minha mãe e meu pai para trás no Sudão, e triste porque toda essa dor está acontecendo em minha terra natal."
Milhares de pessoas estão pressionando para partir de Port Sudan em barcos para a Arábia Saudita, pagando caros voos comerciais pelo único aeroporto em funcionamento do país ou usando voos de evacuação.
Enquanto os mediadores buscam um caminho para a paz, ambos os lados deixaram claro que apenas discutiriam uma trégua humanitária, não negociariam o fim da guerra.
(Reportagem de Khalid Abdelaziz; Reportagem adicional de Nayera Abdallah; Escrita por Michael Georgy)