Por Doina Chiacu e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - Com o prazo legal se aproximando do fim, o governo Trump examina "todas as opções" para incluir uma polêmica questão sobre cidadania no censo norte-americano de 2020, disse um porta-voz na quinta-feira.
Advogados do governo correm para conseguir cumprir o prazo de sexta-feira à tarde estabelecido pelo juiz da Corte Distrital de Maryland George Hazel, que quer que o governo declare suas intenções.
Na semana passada, a Suprema Corte impediu a inclusão da questão na pesquisa, dizendo que autoridades do governo haviam oferecido um motivo "forçado" para a inclusão da questão no censo populacional decenal. Mas deixou aberta a possibilidade de inclusão se o governo pudesse oferecer um argumento plausível.
A Casa Branca informou que analisa todas as opções para conseguir que a questão esteja no formulário do censo.
"A Suprema Corte decidiu que é legal ter a questão de cidadania no censo se houver uma explicação apropriada --e não deveria ser recebido como surpresa o fato de que o presidente Trump está analisando todas as opções possíveis dentro de sua autoridade legal para acrescentar tal questão", afirmou por e-mail o porta-voz Hogan Gidley.
O secretário de Comércio, Wilbur Ross, disse na terça-feira que o Escritório do Censo já havia iniciado o processo de impressão de questionários do censo sem a pergunta sobre cidadania, dando a impressão que o governo havia recuado.
Trump determinou uma reversão nessa orientação por meio de publicação no Twitter na quarta-feira, afirmando que continuaria lutando, ainda que o governo tenha dito que o processo de impressão continua.
"Os departamentos do Comércio e de Justiça estão trabalhando muito nisso, mesmo no feriado de 4 de Julho", publicou Trump na quinta-feira, horas antes de presidir as celebrações do dia de Independência dos Estados Unidos em Washington.
O censo é usado para alocar as cadeiras na Câmara dos Deputados do país e para distribuir cerca de 800 bilhões de dólares em serviços federais, incluindo escolas públicas, benefícios de saúde pública, segurança pública e reparos de rodovias.
Críticos classificam a questão envolvendo cidadania um plano republicano para intimidar imigrantes a não participarem da sondagem, promovendo uma sub-apuração em áreas normalmente de apelo ao partido Democrata, compostas por populações de imigrantes, e dizem que as autoridades mentem sobre suas motivações para acrescentar a questão.
Para esses críticos, a medida ajudaria os republicanos de Trump a ganharem assentos na Câmara e nas assembleias estaduais quando novos limites distritais forem redesenhados.
(Reportagem de Doina Chiacu, reportagem adicional de Jeff Mason)