Por Raquel Castillo e Sam Edwards
MADRI/BARCELONA (Reuters) - A Catalunha se recusou nesta terça-feira a aceitar a exigência do governo espanhol de renunciar uma declaração simbólica de independência, colocando-a em uma rota de colisão política com Madri nesta semana.
O governo espanhol ameaçou colocar a Catalunha, que representa um quinto da economia, sob controle central direto caso seu governo não abandone a independência até quinta-feira.
Mas o governo da Catalunha rejeitou o prazo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.
“Desistir não faz parte dos cenários deste governo”, disse o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull. “Na quinta-feira, nós não daremos nada diferente do que demos na segunda-feira”.
A maior crise política da Espanha em décadas se agravou na noite de segunda-feira, quando o Supremo Tribunal de Madri determinou a prisão dos chefes dos dois principais grupos separatistas da Catalunha pendendo uma investigação por suposta insubordinação.
O governo catalão acusou Madri de deter “prisioneiros políticos” e um dos grupos convocou manifestações pacíficas pela Catalunha nesta terça-feira, com a maior delas esperada para começar em Barcelona à noite.
O líder catalão, Carles Puigdemont, em um tuite após as detenções, disse: “Infelizmente, nós temos prisioneiros políticos novamente”.
A frase foi uma alusão à ditadura militar sob Francisco Franco, quando a cultura e língua catalã foram sistematicamente reprimidas. A publicação carrega uma ressonância emotiva, uma vez que o fascismo ainda é uma memória viva para muitos espanhóis.
O ministro da Justiça, Rafael Catala, respondeu dizendo que a prisão dos líderes da Assembleia Nacional Catalã e Omnium foi uma decisão judicial, e não política.
“Nós podemos falar de políticos na prisão, mas não de prisioneiros políticos”, disse. “Estes não são prisioneiros políticos porque a decisão da prisão de ontem foi por conta de um (suposto) crime.”
A crise aprofundou divisões no coração da jovem democracia espanhola, destacando o complexo senso de nacionalismo na quarta maior economia da zona do euro.
Em Madri, moradores enfeitaram suas casas com bandeiras nacionais espanholas, enquanto prédios em Barcelona estavam repletos de bandeiras catalãs. Protestos em ruas com centenas de milhares de pessoas foram realizados por ambos os lados, incluindo na Catalunha.
(Reportagem adicional de Paul Day e Sonya Dowsett)