Por Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) - Dois aviões de guerra da Rússia sem armas à vista realizaram manobras de ataque simulado a um destróier de mísseis teleguiados dos Estados Unidos no Mar Báltico, disse uma autoridade norte-americana, que as descreveu como uma das interações mais agressivas da história recente.
Os militares dos EUA divulgaram nesta quarta-feira fotos e vídeo da aeronave russa Sukhoi SU-24 fazendo o que chamaram de aproximação muito baixa, "agressiva", a um destróier de mísseis guiado pelos EUA e operando no Mar Báltico nesta semana.
"Temos profundas preocupações sobre as manobras aéreas russas inseguras e pouco profissionais", disse o comando europeu das forças dos EUA em um comunicado.
Os voos repetidos dos caças Sukhoi SU-24 foram tão próximos que deixaram rastros na água, disse a autoridade, segundo o qual as aeronaves realizaram 11 aproximações.
Um helicóptero russo KA-27 Helix também passou sete vezes ao redor do USS Donald Cook, tirando fotos. O território russo mais próximo estava a cerca de 70 milhas náuticas, no enclave de Kaliningrado, que fica entre a Lituânia e a Polônia.
"Eles tentaram abordá-los (os caças russos) pelo rádio, mas eles não responderam", contou a autoridade, falando sob condição de anonimato e acrescentando que o destróier dos EUA estava em águas internacionais.
O incidente ocorreu no momento em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) planeja seu maior acréscimo de contingente no leste da Europa desde a Guerra Fria para se contrapor ao que a aliança, e em especial os países bálticos e a Polônia, veem como uma Rússia mais agressiva.
Os três Estados bálticos, que se uniram à Otan e à União Europeia em 2004, pediram à Otan uma presença permanente de destacamentos de tropas aliadas de tamanho equivalente ao de batalhões em cada território. Um batalhão típico da Otan consiste em 300 a 800 soldados.
Moscou nega qualquer intenção de atacá-los.
A Casa Branca está ciente dos aviões russos que voaram perigosamente perto do destróier e continua preocupada com esse comportamento, disse seu porta-voz nesta quarta-feira.
"A Casa Branca está ciente do incidente", afirmou Josh Earnest aos repórteres em um informe diário à imprensa. "Este incidente... é inteiramente inconsistente com as normas profissionais de militares operando em proximidade uns dos outros em águas internacionais e no espaço aéreo internacional."
O primeiro incidente com o destróier norte-americano se deu no dia 11 de abril, quando dois caças SU-24 passaram cerca de 20 vezes perto do Donald Cook, chegando a mil metros da embarcação e a cerca de 30 metros de altitude.
Essas manobras foram seguidas por rasantes ainda mais próximos dos SU-24 no dia seguinte e também de aproximações do helicóptero russo.
(Reportagem adicional de Timothy Gardner, Megan Cassella e Eric Walsh)