Por Jose Cortes
IXTEPEC, México (Reuters) - Centenas de migrantes que desejam chegar aos Estados Unidos embarcaram em um trem de carga no sul do México na noite de quinta-feira, frustrados pelos esforços para frear seu progresso empreendidos pelo governo mexicano, que sofre pressão do presidente dos EUA, Donald Trump.
A decisão arriscada de tomar o trem, conhecido como "A Fera", veio depois de uma fuga em massa de imigrantes de um centro de detenção da cidade fronteiriça de Tapachula, no sul do México, quinta-feira à noite. O governo estimou que cerca de 1.300 pessoas escaparam, mas disse que mais tarde a maioria voltou ao centro. Homens, mulheres e crianças de vários países embarcaram no trem lento quando ele parou na cidade de Arriaga, no Estado de Chiapas, também no sul mexicano, noticiou a mídia. Autoridades migratórias disseram que ao menos 395 pessoas subiram a bordo. Uma testemunha da Reuters viu dezenas de imigrantes sentados no teto do trem na manhã desta sexta-feira quando ele viajava rumo à cidade de Ixtepec, a noroeste de Arriaga. Erick Morazan, imigrante hondurenho de 28 anos que estava em Zapata, algumas cidades ao norte de Arriaga, disse que conhecia muitas pessoas no trem, acrescentando que também queria embarcar. "Sei que é muito perigoso, mas esta é a vida de um imigrante", disse ele à Reuters por telefone. Trump ameaçou fechar a fronteira se o governo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não impedir que os imigrantes ilegais cheguem à fronteira entre os dois países. Até agora os imigrantes não estão dando ouvidos. A fuga do centro de Tapachula foi uma das maiores dos últimos anos e ocorreu depois de o México intensificar seus esforços para apreender imigrantes e mandá-los para casa. Imagens da fuga da instalação Siglo XXI publicadas em redes sociais mostraram pessoas correndo dos portões do centro de detenção, o maior do tipo no México. Grupos de defesa de imigrantes dizem que as autoridades mexicanas estão mantendo 1.700 pessoas na instalação em um espaço criado para cerca de metade deste número. Famílias de imigrantes detidos no centro dizem que as condições internas são difíceis. Os detidos, afirmam, dormem no chão duro, comem pouco e não recebem cuidados médicos. O Instituto Nacional de Migração do México não respondeu a pedidos de comentários sobre as condições da instalação.