Por Natalia Zinets
MARIUPOL, Ucrânia (Reuters) - Mais de 250 soldados ucranianos se renderam às forças russas na siderúrgica de Azovstal em Mariupol após semanas de uma desesperada resistência, encerrando o mais devastador cerco da guerra da Rússia na Ucrânia e permitindo que o presidente russo, Vladimir Putin, comemore uma rara vitória em sua hesitante campanha.
A Reuters viu ônibus deixarem a siderúrgica, onde soldados haviam se defendido em um complexo de abrigos e túneis, ao longo da noite e cinco deles chegaram à cidade de Novoazovsk, sob controle russo, onde Moscou afirmou que os feridos receberiam tratamento.
O que acontecerá com os soldados não está claro, embora o Kremlin tenha dito que Putin garantiu pessoalmente que os prisioneiros serão tratados de acordo com os padrões internacionais.
O desfecho da batalha que veio a simbolizar a resistência ucraniana chegou enquanto as forças invasoras da Rússia sofrem em outros locais, com tropas recuando dos arredores de Kharkiv na região nordeste.
Na frente internacional, a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, disse que Suécia e Finlândia entregarão na quarta-feira seus pedidos para entrarem na aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), abandonando uma política de neutralidade de longa data por preocupações com as intenções mais abrangentes de Putin.
Os líderes desses países expressaram otimismo de que podem superar as objeções da Turquia à entrada deles no grupo, com uma enxurrada de atividades diplomáticas com o objetivo de pavimentar o caminho à aliança com 30 nações.
Essa decisão levará à expansão da aliança ocidental que Putin evocou como uma das principais justificativas para o que ele chama de "operação militar especial" na Ucrânia.
CIDADE EM RUÍNAS
A captura completa de Mariupol é a maior vitória da Rússia na guerra, dando a Moscou o controle total da costa do Mar de Azov e um trecho ininterrupto do leste e sul da Ucrânia do tamanho da Grécia.
Mas isso ocorre quando a campanha da Rússia está vacilante em outros lugares, com suas tropas ao redor da cidade de Kharkiv, no nordeste, recuando no ritmo mais rápido desde que foram expulsas do norte e da área ao redor de Kiev no final de março.
A Rússia afirmou que pelo menos 256 soldados ucranianos haviam "deposto as armas e se rendido", incluindo 51 gravemente feridos. A Ucrânia disse que 264 soldados, incluindo 53 feridos, haviam saído.
Um vídeo do Ministério da Defesa da Rússia mostrou soldados deixando a siderúrgica, alguns carregados em macas, outros com as mãos para cima, sendo revistados por soldados russos.
Embora os dois lados tenham falado sobre um acordo para os soldados ucranianos abandonarem a imensa siderúrgica, muitos detalhes ainda não haviam chegado ao público, incluindo quantos soldados permaneciam no lado de dentro e se haveria acordo para algum tipo de troca de prisioneiros.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse que Kiev não divulgaria quantos soldados estavam dentro da siderúrgica até que todos estivessem seguros.
"A guarnição 'Mariupol' cumpriu sua missão de combate", disse o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia em comunicado.
"O comando militar supremo ordenou aos comandantes das unidades estacionadas em Azovstal que salvassem a vida do pessoal... Os defensores de Mariupol são os heróis do nosso tempo."
O presidente Volodymyr Zelenskiy disse: "A Ucrânia precisa de heróis ucranianos vivos".
(Reportagem de Natalia Zinets em Kiev e um jornalista da Reuters em Mariupol; Reportagem adicional de redações da Reuters)