CAIRO (Reuters) - Ministros das Relações Exteriores dos quatro Estados árabes que lideram o boicote ao Catar expressaram decepção nesta quarta-feira com a reação "negativa" do pequeno país do Golfo Pérsico a suas exigências, mas não anunciaram novas sanções contra Doha.
"A resposta que os quatro Estados receberam foi no geral negativa e careceu de qualquer conteúdo. Achamos que não proporcionou uma base para o Catar recuar de suas políticas", disse o chanceler do Egito, Sameh Shoukry, ao ler um comunicado conjunto.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein cortaram laços diplomáticos e de transporte com o Catar, que acusam de apoiar o terrorismo e de se aliar a seu inimigo regional Irã. Doha nega as acusações.
Os chanceleres dos quatro países se reuniram no Cairo nesta quarta-feira para debaterem a situação após o vencimento de um prazo que deram para o Catar atender 13 exigências.
"O boicote político e econômico irá continuar até o Catar mudar suas políticas para melhor", disse o chanceler saudita, Adel al-Jubeir, em uma coletiva de imprensa.
O ministro de Relações Exteriores do Catar, xeique Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, acusou os quatro vizinhos árabes de "clara agressão" contra o país. O xeique disse que as acusações usadas como base para cortar ligações com o Catar há um mês "foram claramente projetadas para criar um sentimento anti-Catar".
"O Catar continua a pedir diálogo, apesar da violação de leis internacionais e regulamentações, apesar da separação de 12 mil famílias, apesar do cerco que é uma clara agressão e um insulto para todos os tratados, órgãos e jurisdições internacionais", disse o chanceler no centro de estudos Chatham House, em Londres.
A disputa entre o Catar e seus vizinhos do Golfo Pérsico despertou intensa preocupação entre aliados ocidentais que veem as dinastias governistas da região como parceiros-chave em questões de energia e defesa.
O Catar investiu pesado em projetos de infraestrutura em Estados do Ocidente e mantêm colaboração diplomática próxima com os EUA em relação ao conflito na Síria.
(Por Ahmed Aboulenein e Ali Abdelaty)