Por Gabriela Baczynska
BRATISLAVA (Reuters) - O chefe do Executivo da União Europeia demonstrou frustração nesta sexta-feira com os pedidos de reformas para reinventar o bloco após a saída do Reino Unido, dizendo que não existem propostas sobre quais mudanças exatamente são necessárias para salvaguardar a integração europeia.
Os comentários de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, ressaltam a posição vulnerável em que a UE se encontra após o referendo que resultou na desfiliação britânica do que ainda é um bloco de 28 nações, e que lançou dúvidas sobre seu futuro.
"Temos que explicar de novo a pauta de reformas que está em curso", disse Juncker durante uma coletiva de imprensa na Eslováquia. "Estamos lutando com a burocracia... estamos modernizando a economia europeia --união digital, união em energia, aprofundamento do mercado interno, união dos mercados de capital, união bancária."
"Todos estão dizendo 'precisamos de mais reformas'. Ninguém está dizendo que tipo de reformas iríamos precisar além daquelas que já estão em curso, incluindo algumas iniciativas que adotamos no campo da dimensão social do mercado interno."
Juncker falava em uma coletiva conjunta com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que assumiu a Presidência rotativa da UE nesta sexta-feira até o final do ano que vem.
"Não direi que nada tem que mudar. Mas as coisas que estão indo nas direções certas não mudarão", afirmou Juncker.
Fico, que no dia 16 de setembro irá presidir uma cúpula com todos os líderes da UE, exceto o britânico, conforme os 27 membros do bloco ponderam o futuro de sua turbulenta união, está pedindo a devolução de mais poderes para as capitais nacionais em detrimento da Comissão.
Os líderes de governos da UE estão determinados a refrear o apelo dos partidos eurocéticos de direita que têm capitalizado o descontentamento crescente com uma tendência de longa data à integração, incentivada por Bruxelas e vista por muitos como algo que mina a soberania nacional.
Fico também disse que Alemanha, França e outros Estados do oeste do bloco poderiam ditar o futuro. Alguns membros do oeste dizem que a UE deveria aprofundar a integração em áreas como a zona do euro depois que a saída britânica tiver sido consumada.
Muitos líderes governamentais da UE citam o desemprego e a imigração como áreas vitais para se lidar de maneira a fortalecer a credibilidade do grandioso projeto de união europeia pós-Segunda Guerra Mundial para as 500 milhões de pessoas do bloco.
(Reportagem adicional de Jan Lopatka, em Praga)