Por Patricia Zengerle e Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - O diretor da inteligência nacional dos Estados Unidos alertou nesta terça-feira que o tempo está se esgotando para os EUA agirem sobre a ameaça representada pelo programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
A Coreia do Norte apresenta uma ameaça “possivelmente existencial” aos Estados Unidos e provavelmente irá realizar mais testes bélicos neste ano, disse Dan Coats durante audiência anual do Comitê de Inteligência do Senado sobre “Ameaças Mundiais”.
“O tempo de decisão está cada vez mais próximo em termos sobre como nós respondemos a isto”, disse Coats. “Nossa meta é uma resolução pacífica. Nós estamos usando pressão máxima sobre a Coreia do Norte de diversas maneiras.”
O alerta veio apesar de um alívio de tensões na península coreana após conversas retomadas pela Coreia do Norte e Coreia do Sul por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno sediados pela Coreia do Sul.
Embora o governo Trump tenha destacado sua preferência por uma solução diplomática para a crise sobre desenvolvimento de armas nucleares da Coreia do Norte que são capazes de atingir os EUA, a administração alertou para o fato de que todas as opções estão na mesa, incluindo opções militares, para impedir isto.
No mês passado, o diretor da CIA, Mike Pompeo, disse que a Coreia do Norte pode estar somente a “um punhado de meses” de distância de ser capaz de fazer um ataque nuclear contra os EUA.
Pompeo disse na audiência desta terça-feira que, apesar de conversas entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, não há “indícios de qualquer mudança estratégica” no desejo do líder norte-coreano, Kim Jong Un, de permanecer uma ameaça nuclear aos EUA.
Conversas de ataques militares preventivos diminuíram desde que as Coreias retomaram diálogos no mês passado e Washington tem aparentado endossar engajamento pós-Olimpíada mais profundo entre as duas Coreias, o que pode levar a conversas entre Coreia do Norte e os EUA.
Mas Washington também destacou a necessidade de aumentar sanções para forçar a Coreia do Norte a abandonar suas armas nucleares.
No ano passado, a Coreia do Norte realizou dezenas de lançamentos de mísseis e seu sexto e maior teste nuclear, em desafio às sanções da Organização das Nações Unidas. No entanto, o último teste de mísseis da Coreia do Norte foi realizado há mais de dois meses, no final de novembro.
Coats disse que afirmações repetidas da Coreia do Norte de que armas nucleares são a base para sua sobrevivência sugerem que líderes do governo do país “não desejam negociar o afastamento”.
“Após acelerados testes de mísseis desde 2016, a Coreia do Norte provavelmente irá seguir com mais testes em 2018, e seu ministro das Relações Exteriores disse que Kim (Jong Un) pode estar considerando realizar um teste nuclear atmosférico sobre o Oceano Pacífico”, disse.
A senadora democrata Dianne Feinstein perguntou se a inteligência dos EUA analisou o que pode custar para levar a Coreia do Norte à mesa de negociações, mas Pompeo se negou a discutir a questão durante uma audiência pública.
Feinstein disse ter participado de uma reunião confidencial recentemente sobre a Coreia do Norte e descreveu o encontro como “difícil e severo”.
(Reportagem de Doina Chiacu, Patricia Zengerle e David Brunnstrom)