Por Linda Sieg
TÓQUIO (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertando para o perigo de se entrar "como sonâmbulos" em uma guerra, disse nesta quinta-feira que as resoluções do Conselho de Segurança sobre os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte precisam ser adotadas plenamente por Pyongyang e outros países.
Guterres fez os comentários aos repórteres depois de se reunir com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em Tóquio poucos dias depois de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, propor conversas diretas com os norte-coreanos sem condições prévias.
Na quarta-feira a Casa Branca disse que não é possível realizar negociações até a Coreia do Norte melhorar seu comportamento, e não quis dizer se o presidente Donald Trump, que adotou uma retórica severa com Pyongyang, deu seu aval à abordagem de Tillerson.
"Está muito claro que as resoluções do Conselho de Segurança precisam ser totalmente implementadas primeiro por toda a Coreia do Norte, mas por todos os outros países cujo papel é crucial para... se obter o resultado que todos almejamos, que é a desnuclearização da Península Coreana", disse Guterres.
Guterres acrescentou que a união do Conselho de Segurança também é vital "para permitir a possibilidade de engajamento diplomático", o que viabilizaria a desnuclearização.
"A pior coisa que poderia acontecer é todos nós entrarmos como sonâmbulos em uma guerra que poderia ter circunstâncias muito dramáticas", disse.
O Japão diz que agora é hora de manter o máximo de pressão sobre Pyongyang, e não iniciar conversas sobre os programas nuclear e de mísseis do regime. A China e a Rússia, porém, acolheram a oferta de Tillerson.
Abe, que conversou com os repórteres ao lado de Guterres, reiterou que um diálogo precisa ser relevante e voltado à desnuclearização.
"Concordamos plenamente que a desnuclearização da Península Coreana é indispensável para a paz e a estabilidade da região", afirmou Abe.
O aceno de Tillerson veio quase duas semanas depois de a Coreia do Norte ter dito que testou com sucesso um novo míssil balístico intercontinental (ICBM) que coloca todo o território continental dos EUA ao alcance de suas armas nucleares.
Mas Pyongyang parece ter pouco interesse em negociações com Washington até ter desenvolvido a capacidade de atingir os EUA com um míssil com ogiva nuclear, algo que a maioria dos especialistas diz que o país ainda não comprovou ter.