Por Guy Faulconbridge e Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, general Valery Gerasimov, foi mostrado ordenando aos subordinados que destruíssem locais de mísseis ucranianos em um vídeo divulgado nesta segunda-feira, sua primeira aparição em público desde um motim mercenário fracassado em 24 de junho.
A filmagem indica que o presidente Vladimir Putin manteve por enquanto seus dois militares mais poderosos, o ministro da Defesa Sergei Shoigu e Gerasimov, em seus cargos, apesar das exigências do líder mercenário Yevgeny Prigozhin para demiti-los por suposta incompetência em conduzir operações militares na Ucrânia.
O porta-voz de Putin disse nesta segunda-feira que o líder russo manteve conversas no Kremlin com Prigozhin e seus comandantes em 29 de junho para discutir o motim e o desempenho no front, juntamente com suas futuras opções de emprego. Ele não mencionou Shoigu ou Gerasimov.
Sentado em um assento de couro branco presidindo uma reunião em um centro de comando militar, Gerasimov, de 67 anos, foi mostrado pedindo e depois ouvindo um relato de Viktor Afzalov, vice nas forças aeroespaciais do general Sergei Surovikin. Surovikin não apareceu em público desde o motim.
O Ministério da Defesa disse que a filmagem mostrava Gerasimov em uma reunião no domingo. Descreveu-o como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia e comandante das forças de Moscou na Ucrânia, cargos que ocupava antes do motim.
Gerasimov foi informado de que um ataque de mísseis ucranianos na Crimeia, que Moscou anexou da Ucrânia em 2014, e nas regiões de Rostov e Kaluga foi frustrado no domingo e apareceu ordenando como a Rússia deveria responder.
"Ressaltamos que as forças aeroespaciais cumpriram a tarefa (de abater os mísseis)", disse Gerasimov.
Ele então pediu às forças aeroespaciais e à inteligência militar GRU que identificassem "os locais de armazenamento e posições de lançamento dos mísseis e outras armas de ataque inimigas para planejar um ataque preventivo".
Putin disse na ocasião que o motim dos mercenários de Wagner foi uma traição, comparou-o à turbulência que antecedeu a Revolução Russa de 1917 e elogiou as tropas leais por evitarem o que ele disse que poderia ter sido uma guerra civil.
Desde que um acordo foi negociado para desarmar o motim, Putin e o Kremlin têm procurado mostrar uma imagem de normalidade, com o presidente liderando uma série de reuniões, visitando multidões no Daguestão e até recebendo uma jovem para uma visita guiada ao Kremlin.