Por Jonathan Landay e Daphne Psaledakis
(Reuters) - O chefe da agência de ajuda humanitária da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou nesta sexta-feira que está “profundamente alarmado” pelos comentários de ministros israelenses sobre “planos para incentivar a transferência massiva” de civis palestinos da Faixa de Gaza para outros países. Ele também pediu por um novo cessar-fogo. “A não ser que ajamos, será uma marca indelével na nossa humanidade”, afirmou Martin Griffiths, subsecretário para assuntos humanitários da ONU, ao Conselho de Segurança. “Reitero meu pedido para que este conselho tome ações urgentes para encerrar essa guerra.” Griffiths previu uma piora da catástrofe humanitária na Faixa de Gaza no momento em que Israel intensifica a ofensiva, lançada depois do ataque do Hamas no dia 7 de outubro, quando militantes do grupo mataram cerca de 1.200 pessoas. Citando o Ministério da Saúde de Gaza, que é governada pelo Hamas, ele disse que mais de 23 mil palestinos morreram e 58 mil ficaram feridos desde que os israelenses lançaram a ofensiva com o objetivo de destruir o Hamas. Ele afirmou que a situação “horrorosa” criada pela “implacável” operação israelense pode ser vista no desalojamento de 85% dos 2,3 milhões de palestinos, “forçados a fugir de novo e de novo enquanto chovem bombas e míseis”. “Estamos profundamente alarmados com as declarações recentes de ministros de Israel, sobre planos para incentivar a transferência massiva de civis de Gaza para outros países, atualmente chamada de ‘realocação voluntária’”, afirmou.
Os comentários, feitos por ministros israelenses de extrema direita, fizeram até os Estados Unidos, maior aliado de Israel, externarem preocupações similares. A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, e sua colega britânica, Barbara Woodward, reverberaram tais preocupações durante a reunião: “Esses comentários, junto com declarações de autoridades israelenses incentivando os maus tratos de presos palestinos ou a destruição de Gaza, são irresponsáveis, inflamatórios e só dificultam o trabalho de atingir a paz duradoura”, afirmou a norte-americana. Algumas autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, negam ter planos de retirar a população palestina da Faixa de Gaza. (Reportagem de Jonathan Landay e Daphne Psaledakis)