Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, repudiou nesta segunda-feira a pena de prisão de quatro anos imposta a Aung San Suu Kyi, líder deposta de Mianmar, por ver um "julgamento forjado", e pediu sua libertação imediata.
A condenação de Suu Kyi "fecha mais uma porta ao diálogo político" em Mianmar, onde os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro, e "só aprofundará a rejeição ao golpe", disse Bachelet em um comunicado em Genebra.
Um tribunal condenou Suu Kyi a quatro anos de prisão nesta segunda-feira devido a acusações de incitação e violação de restrições do coronavírus, disse uma fonte que acompanha os procedimentos, um caso que críticos descreveram como "farsa".
"A condenação da Conselheira de Estado após um julgamento forjado com procedimentos sigilosos diante de um tribunal controlado pelos militares só pode ter motivação política", disse Bachelet.
"Os militares estão tentando instrumentalizar os tribunais para remover toda a oposição política."
Ravina Shamdasani, uma porta-voz de Bachelet, disse à Reuters Television que os procedimentos não cumpriram nem as obrigações legais domésticas do país nem as internacionais para um julgamento justo.
Suu Kyi, de 76 anos, ainda enfrenta acusações de corrupção e fraude eleitoral, disse Bachelet.
Ela também disse que o Exército, conhecido como Tatmadaw, deteve mais de 10 mil oponentes desde o golpe e que há relatos de que ao menos 175 pessoas, incluindo muitos membros do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Suu Kyi, teriam morrido sob custódia, "muito provavelmente devido a maus-tratos ou tortura".
Bachelet pediu a libertação imediata de todos os que foram detidos ilegalmente.
(Reportagem adicional de Cecile Mantovani)