JACARTA (Reuters) - O primeiro-ministro da China, Li Qiang, disse nesta quarta-feira que é importante evitar uma "nova Guerra Fria" ao lidar com conflitos entre países, durante reunião de líderes da região do Sudeste Asiático na Indonésia em meio ao acirramento das rivalidades geopolíticas na região do Indo-Pacífico.
Ao discursar em uma cúpula anual envolvendo membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) que contou com a presença de China, Japão e Coreia do Sul, Li disse que os países precisam "lidar adequadamente com as diferenças e disputas".
"No momento, é muito importante se opor à tomada de partido, ao confronto de blocos e a uma nova Guerra Fria", disse Li na reunião.
A Asean, que alertou sobre o perigo de ser arrastada para as disputas das grandes potências, também está realizando conversas mais amplas com Li, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e líderes de países parceiros, incluindo Japão, Coreia do Sul, Austrália e Índia.
Nem o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nem seu colega chinês, Xi Jinping, participam do encontro.
No topo da agenda das reuniões em Jacarta está a preocupação com a atividade cada vez mais assertiva da China no Mar do Sul da China, um importante corredor comercial no qual vários membros da Asean têm reivindicações territoriais conflitantes com as da China.
Em comentários no início de sua reunião com os líderes da Asean, Kamala disse que os Estados Unidos estão comprometidos com a região.
"Os Estados Unidos têm um compromisso duradouro com o Sudeste Asiático e, de forma mais ampla, com o Indo-Pacífico", disse ela.
Kamala também disse que os EUA continuarão a pressionar a junta de Mianmar para acabar com a "violência horrível" que eclodiu desde um golpe militar em 2021.
Um funcionário da Casa Branca havia dito anteriormente que Kamala "ressaltaria o interesse compartilhado dos Estados Unidos e da Asean em defender a ordem internacional baseada em regras, inclusive no Mar do Sul da China.
A Asean discutiu esta semana com a China a aceleração das negociações sobre um código de conduta há muito discutido para essa região marítima, disse a ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi.
A questão também foi abordada durante uma cúpula entre a Asean e o Japão, na qual os líderes "expressaram a importância de manter as situações na região favoráveis, especialmente na península coreana e também no Mar do Sul da China", disse ela.
Os Estados Unidos e seus aliados ecoaram os apelos da Asean pela liberdade de navegação e sobrevoo e para que as partes na disputa se abstenham de construir uma presença física em águas disputadas. A China construiu várias instalações, inclusive pistas de pouso, em pequenos afloramentos no mar.
Pouco antes das reuniões desta semana, a China divulgou um mapa com uma "linha de 10 traços" mostrando o que parecia ser uma expansão da área que considera seu território no Mar do Sul da China.
Vários membros da Asean rejeitaram o mapa.
Referindo-se ao Mar do Sul da China, o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, disse que seu país não buscava conflitos, mas tinha o dever de "enfrentar qualquer desafio à nossa soberania".
"As Filipinas rejeitam com firmeza as narrativas enganosas que enquadram as disputas no Mar do Sul da China apenas pelas lentes da competição estratégica entre dois países poderosos", disse Marcos.
"Isso não apenas nos nega nossa independência e nossa agência, mas também desconsidera nossos próprios interesses legítimos."
Alguns membros da Asean desenvolveram laços diplomáticos, comerciais e militares estreitos com a China, enquanto outros são mais cautelosos. Os Estados Unidos também cortejaram os países da Asean com graus variados de sucesso.
(Reportagem de Stanley Widianto e Kate Lamb)