Por David Stanway
XANGAI (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, alertou os Estados Unidos que as tensões políticas entre Pequim e Washington podem minar os esforços dos dois maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa para cooperarem na luta contra a mudança climática.
Os EUA, que retomam seu papel na diplomacia climática global após um hiato de quatro anos do presidente Donald Trump, esperam há tempos manter as questões climáticas separadas de sua disputas com a China em temas como comércio, direitos humanos e a origem da pandemia de Covid-19.
O conselheiro de Estado e chanceler Wang Yi disse ao enviado norte-americano para o clima, John Kerry, que os EUA veem os esforços conjuntos bilaterais contra o aquecimento global como um "oásis", informou a chancelaria em um comunicado.
"Mas cercando o oásis há um deserto, e o oásis poderia se desertificar muito em breve", disse ele por videochamada na quarta-feira. "A cooperação climática China-EUA não pode ser separada do ambiente mais abrangente das relações China-EUA."
"Todos que se encontrarem com você terão que passar duas semanas em quarentena, mas estamos dispostos a pagar este preço para debater a cooperação com os EUA em assuntos de interesse mútuo", disse Wang, segundo citação da emissora estatal CCTV.
Kerry disse a Wang que Washington quer que a China faça mais pelo clima, disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Ele está na cidade de Tianjin, no norte chinês, para conversar com Xie Zhenhua, o enviado especial da China para o clima, sobre a reação conjunta dos dois países à crise climática.
(Reportagem adicional de Josh Horwitz em Xangai e Jarrett Renshaw em Washington)