PEQUIM (Reuters) - O principal diplomata do governo chinês fez uma advertência nesta sexta-feira contra interferir na Venezuela e impor sanções ao país, dizendo que a história oferece uma lição clara sobre "não seguir o mesmo caminho desastroso".
A China tem pedido repetidamente que pessoas de fora não interfiram nos assuntos internos da Venezuela e mantém o apoio ao presidente Nicolás Maduro.
A maioria dos países ocidentais reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como legítimo chefe de Estado da Venezuela.
Os Estados Unidos prometeram "expandir a rede" de sanções contra a Venezuela, incluindo reforçar as medidas contra bancos que apoiam o governo de Maduro.
O conselheiro de Estado chinês, Wang Yi, respondendo a uma pergunta sobre se a China ainda reconhecia Maduro ou se teve contatos com a oposição, disse que a soberania e a independência dos países latino-americanos devem ser respeitadas.
"Os assuntos internos de todos os países devem ser decididos por seu próprio povo. Interferências externas e sanções só vão agravar a situação de tensão e permitir que a lei da selva volte a vigorar incontrolavelmente", disse Wang em sua entrevista coletiva anual em paralelo a encontro parlamentar da China.
"Já há bastante dessas lições na história, e o mesmo caminho desastroso não deve ser seguido".
A China continua apoiando a oposição e o governo venezuelano a buscar uma solução política, por meio do diálogo pacífico, para garantir sua estabilidade e a segurança das pessoas, acrescentou Wang.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, tuitou na quinta-feira que as políticas de Maduro "não trazem nada além de escuridão".
"Sem comida. Sem remédio. Agora, sem energia. Em seguida, sem Maduro", escreveu ele, referindo-se a uma grande queda de energia na Venezuela na quinta-feira.
A China emprestou mais de 50 bilhões de dólares para a Venezuela por meio de contratos de empréstimos em troca de petróleo ao longo da última década, garantindo o suprimento de energia para sua economia em rápido crescimento.
A China tem intensificado seu envolvimento na América Latina, para a preocupação de Washington, que reagiu de maneira particularmente forte a vários países que recentemente abandonaram os laços diplomáticos com a autogovernada Taiwan em favor da China.
Em fevereiro, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, pediu cooperação com El Salvador para neutralizar o que ele chamou de expansão "predatória" da China. El Salvador abandonou Taiwan no ano passado.
Wang disse que as relações entre a China e a América Latina alcançaram grandes progressos e não miram em qualquer "terceiro".
Os laços entre os dois lados foram a escolha correta e em ambos seus interesses de longo prazo e não devem estar sujeitos à "falta de mandado, interferência e crítica".
(Reportagem de Ben Blanchard; Reportagem adicional de Philip Wen)