Por James Imam
(Reuters) - Quando a Rússia invadiu a Ucrânia há um ano, a premiada cineasta ucraniana Alisa Kovalenko largou sua câmera para se juntar às batalhas na linha de frente oriental do país.
Kovalenko voltou a fazer filmes, impulsionada pela crença de que a telona pode ser uma arma igualmente eficaz para combater o inimigo ao contar a história de cinco adolescentes determinados a perseguir seus sonhos, apesar da carnificina da guerra que envolve seus mundos.
"Esta frente cultural é realmente importante", disse Kovalenko à Reuters. "Isso ajuda as pessoas ao redor do mundo a sentir e entender o que as pessoas estão passando."
O documentário de Kovalenko, "We Will Not Fade Away", estreia na seção Panorama do Festival de Berlim em 22 de fevereiro, fazendo parte de um foco mais amplo sobre a Ucrânia no festival deste ano.
O filme é rodado ao longo de três anos nos vilarejos de Zolote-4 e Stanytsia Luhanska, na região de Donbas, leste da Ucrânia, onde combates acontecem desde 2014.
Kovalenko começou a filmar em 2019, mas parou quando se inscreveu para um batalhão voluntário ucraniano em março passado. Ela disse que voltou a filmar quatro meses depois, quando as forças russas bombardearam a base dos combatentes e um de seus amigos foi morto.
"Quase assinei um contrato para ingressar no Exército regular", declarou Kovalenko. "Mas senti que era importante terminar o filme; não podia deixá-lo assim."
Os protagonistas do filme --incluindo um aspirante a mecânico de moto e um rapper iniciante-- embarcam em uma inspiradora viagem a pé no Himalaia antes de retornar à Ucrânia.
Nos créditos finais, os telespectadores descobrem que os vilarejos caíram sob o controle russo e que o contato com alguns dos adolescentes foi perdido.
Kovalenko disse que a invasão em grande escala feita pela Rússia mudou o significado, a cor e a forma do filme.
"Eu queria fazer um filme sobre crianças realizando seus sonhos em um lugar que não se presta a sonhar", afirmou Kovalenko. "Tornou-se sobre como a guerra destrói esses sonhos."