BRASÍLIA (Reuters) - O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputará a presidência do Senado, passou a manhã reunido com senadores para angariar apoio suprapartidário em torno de sua candidatura, e afirmou que não pretende recuar da disputa pelo comando da Casa, mesmo que tenha de enfrentar um outro nome do PMDB.
Integrante do partido que tem a maior bancada de senadores, Luiz Henrique teve um conversa na manhã desta quarta-feira com o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tentativa de construir um consenso em torno de seu nome.
Renan, que ainda não lançou oficialmente sua candidatura ao posto, sugeriu por sua vez que os dois nomes fossem submetidos à bancada do PMDB.
"Eu disse que na política se trabalha com realidade. Eu sei quantos votos eu tenho na bancada. Não poderia submeter à vontade de um grupo menor a vontade de um grupo que perpassa diversos partidos", disse Luiz Henrique a jornalistas.
"Serão dois candidatos. É uma coisa natural, cuja disputa se encerra no domingo... Se não for pelo partido, eu não tenho mais como recuar."
O senador catarinense, que disse ter esperado o retorno do líder da bancada, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para anunciar sua intenção de concorrer à presidência, lançou informalmente sua candidatura sob as bandeiras da reforma política e de temas federativos.
Simpatizantes da candidatura, como o peemedebista Ricardo Ferraço (ES) e o líder do DEM, Agripino Maia (RN), têm dito que o nome do senador catarinense representa a independência do Legislativo.
Uma disputa entre Luiz Henrique e Renan contradiz previsão da Executiva do PMDB, segundo a qual o partido estaria unido em torno de um nome para presidir o Senado.
Uma candidatura alternativa à de Renan saída de um partido da base aliada da presidente Dilma Rousseff era um desejo dos partidos de oposição. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), participou das articulações nesse sentido se reunindo inclusive com Ferraço, que coordenou sua campanha à Presidência da República no ano passado e chegou a ter o nome ventilado para sair candidato.
O PT, segunda maior bancada do Senado atrás do PMDB, irá apoiar o nome que for oficialmente anunciado pela bancada peemedebista, segundo o líder do PT na Casa, senador Humberto Costa (PT-PE). A tendência, até a terça-feira, era de que a bancada anunciasse apoio integral ao nome de Renan.
Luiz Henrique diz ter recebido sinalizações de integrantes de partidos tanto da base como da oposição, mas que ainda não entrou em contato com representantes do Executivo.
"Eu imagino que o governo não vai interferir nesse processo", disse o senador a jornalistas. "Até porque a minha candidatura não é uma candidatura de oposição", assegurou.
O anuncio formal da candidatura do senador catarinense deve ocorrer apenas na sexta-feira, mas Luiz Henrique já passou a manhã desta quarta reunido com integrantes do PDT e do PP.
"Não é uma aventura, é um projeto sério, viável", afirmou a senadora Ana Amélia (PP-RS), acrescentando que o nome do senador reúne apoio "suprapartidário".
"Ele usou o termo 'irreversível'", disse a jornalistas o senador eleito Lasier Martins (PDT-RS).
"Estamos apoiando a candidatura de um peemedebista... Não é oposição, é renovação", acrescentou.
À tarde, Luiz Henrique deve ainda se reunir com o PSB, que mantém a postura de apoiar uma candidatura do PMDB, desde que se comprometa com a discussão de temas como as reformas política e tributária e mudanças internas no Senado.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)