Por Parisa Hafezi
ANCARA (Reuters) - Um membro da elite clerical do Irã disse nesta sexta-feira que os europeus não são dignos de confiança, depois que o presidente iraniano, Hassan Rouhani, comunicou que Teerã permanecerá no acordo nuclear firmado com potências mundiais em 2015 apesar da desfiliação dos Estados Unidos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que Washington abandonaria o pacto, mediante o qual o Irã reduziu seu programa nuclear em troca de alívio nas sanções, dizendo que o acordo é unilateral, e que readotará sanções contra o regime que foram suspensas em respeito ao acordo.
"A América não pode fazer droga nenhuma. Eles sempre buscaram a queda do regime do Irã, e esta saída está de acordo com esse objetivo", disse o aiatolá Ahmad Khatami em um discurso televisionado na Universidade de Teerã a fiés.
A televisão estatal mostrou imagens de manifestantes bradando slogans contra os EUA e Israel em protestos realizados em Teerã e outras cidades grandes e pequenas de toda a nação após as orações desta sexta-feira.
Eles gritavam "Senhor Trump, você não pode fazer droga nenhuma" e "Lutamos, morremos, não nos rendemos" em ruas decoradas com cartazes e pôsteres anti-EUA e anti-Israel.
Tanto conservadores linha-dura quanto moderados da liderança da República Islâmica repudiaram o tratamento duro de Trump ao Irã, e os iranianos comuns se mostram cada vez mais frustrados diante da perspectiva de dificuldades econômicas como resultado das novas sanções.
"Estes signatários europeus (do acordo) tampouco são confiáveis... os inimigos do Irã não são confiáveis", disse Khatami enquanto manifestantes radicais exortavam o governo a não "repetirem o mesmo erro" voltando às negociações.
Alemanha, França e Reino Unido reafirmaram seu compromisso com o pacto nuclear mas, no esforço de convencerem Washington a voltar, querem conversas com o governo Rouhani em um formato mais amplo de acordo cobrindo o programa de mísseis balísticos do Irã e seu papel em conflitos em curso no Oriente Médio, como os da Síria e do Iêmen.
Khatami também fez ameaças a Israel, dizendo que se o arqui-inimigo iraniano agir "estupidamente", as cidades de Tel Aviv e Haifa serão destruídas.
"Vamos expandir nossa capacidade de mísseis apesar da pressão ocidental... para fazer Israel saber que se eles agirem estupidamente, Tel Aviv e Haifa serão totalmente destruídas", disse.