Por Valerie Volcovici
WASHINGTON (Reuters) - Com o mundo a caminho de bater o recorde do ano mais quente da história, líderes mundiais, líderes empresariais, celebridades e ativistas convergiram para Manhattan para a Semana do Clima e a Cúpula de Ação Climática da ONU, concentrando novamente a atenção do mundo na crise climática.
O encontro anual sobre o clima coincide com o início da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, reunindo chefes de Estado e autoridades governamentais de alto escalão com líderes do setor privado para se concentrarem nas mudanças climáticas em um ano marcado por um número recorde de desastres envolvendo bilhões de dólares, incluindo oito inundações graves.
O principal evento ocorrerá na quarta-feira, quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, sediará sua própria Cúpula de Ação Climática, um evento de alto nível destinado a reverter o retrocesso nas metas do acordo climático de Paris e a incentivar os governos a adotarem novas ações sérias para combater as mudanças climáticas.
"Há uma dúvida persistente de que (...) podemos cumprir nossas metas climáticas. Há muito retrocesso; portanto, esperamos realmente que esta cúpula possa ser usada como um momento para inspirar as pessoas", disse Selwin Hart, assessor especial para o clima do secretário-geral, em uma entrevista.
Até segunda-feira, a ONU não havia anunciado quais líderes ou autoridades mundiais conseguiriam uma das cobiçadas vagas para discursar na cúpula do clima. Mais de 100 autoridades de países disseram a Guterres que querem falar, mas sua equipe tem eliminado as candidaturas nos últimos dias, priorizando os países que planejam novas ações para avançar suas metas climáticas anteriores.
Hart disse que a atribuição de vagas para falar não tinha a intenção de constranger nenhum líder ou país, mas de mostrar que esses são os primeiros "que estão fazendo as coisas"
A reunião acontece 10 semanas antes da cúpula climática COP28, nos Emirados Árabes Unidos, e é um dos últimos encontros de alto nível com o objetivo de fazer com que os países apresentem novas ações climáticas e planos para se afastarem dos combustíveis fósseis, depois que G7, G20 e a reunião do Brics - Brasil, China, África do Sul, Índia e Rússia - não conseguiram fazer com que os líderes concordassem em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
A Aliança dos Pequenos Estados Insulares, composta por quase 40 membros, usará a Semana do Clima como uma plataforma para pedir aos líderes dos países desenvolvidos que tomem medidas mais firmes para acabar com o uso de combustíveis fósseis e para apoiar o aumento global da energia renovável, como energia eólica, geotérmica e solar.
"É desanimador testemunhar a falta de ambição em relação ao que realmente nos aflige - as emissões de combustíveis fósseis", disse a aliança das pequenas ilhas em um comunicado. "Imploramos à comunidade internacional que use as plataformas da Assembleia Geral da ONU e da Semana do Clima de Nova York para sinalizar um apoio inequívoco aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento", disse.
A Semana do Clima se tornou um ponto focal para os manifestantes climáticos ansiosos por chamar a atenção para o que consideram inação do governo e lavagem verde - empresas que anunciam ações favoráveis ao meio ambiente enquanto continuam a poluir.
Cerca de 75.000 ativistas marcharam pelo centro de Manhattan no domingo pedindo o fim dos combustíveis fósseis, enquanto centenas de manifestantes planejavam uma ação perturbadora perto de Wall Street na segunda-feira para exigir o fim do financiamento dos combustíveis fósseis.