CANNES, França (Reuters) - Gaspar Noé pareceu quase decepcionado com a reação majoritariamente empolgada ao filme que estreou no Festival Internacional de Cinema de Cannes nesta semana.
O diretor argentino se orgulha da fama de provocador que conquistou com títulos como "Irreversível", no qual Monica Bellucci passa por uma cena de estupro de 9 minutos, "Viagem Alucinante", que mergulha nas drogas, e "Love", que traz cenas reais de sexo em 3-D.
Agora ele levou "Climax" a Cannes, um filme que Peter Bradshaw, crítico do jornal britânico Guardian, descreveu como um "delírio satânico de sexo e desespero de uma trupe de dança". A equipe de Noé o alertou para esperar a reação mais dura da imprensa até hoje.
"Meu agente me anunciou que será muito mais duro para este filme do que para 'Love' ou 'Viagem Alucinante'", disse Noé à Reuters em uma praia da cidade francesa.
"Tivemos 75 por cento de cobertura negativa para 'Viagem Alucinante' e 85 por cento de cobertura negativa para 'Love'. Eu (disse que) espero 90 a 95 por cento (para 'Climax'), mas o vento soprou na outra direção, a maior parte da cobertura está extremamente boa."
A premissa do filme é simples. Uma trupe de dançarinos jovens está fazendo uma festa pós-ensaio que começa a se tornar desagradável quando percebem que alguém batizou o ponche com LSD.
"É uma noite de farra ruim", conta Noé, de 54 anos. "Começa como uma coisa alegre... uma coisa que deveria ser ótima fica horrível", disse.
Embora exista violência e horror de sobra em "Climax", o elenco de dançarinos de primeira categoria de Noé faz apresentações incríveis filmadas por uma câmera giratória – às vezes de cabeça para baixo – que é hipnotizante e desconcertante.
Mas nem todas as críticas foram elogiosas. Owen Gleiberman, da revista Variety, disse que foi "como assistir 'Fama' dirigido pelo Marquês de Sade com uma Steadicam".