Por Mohammed Mukhashaf
ÁDEN (Reuters) - A coalizão liderada pela Arábia Saudita lutando no Iêmen informou nesta quarta-feira que irá manter o porto de Hodeidah, controlado pelos houthis e vital para auxílios, aberto por um mês apesar de um renovado ataque a míssil contra Riad, mas manteve ataques aéreos que mataram ao menos nove pessoas.
A coalizão apoiada pelo Ocidente, que controla o espaço aéreo e acesso a portos no Iêmen, informou no mês passado que irá permitir ajuda humanitária através de Hodeidah após um bloqueio de quase três semanas imposto por conta de um ataque a míssil contra o aeroporto internacional da capital saudita.
Os sauditas dizem que o porto no Mar Vermelho, que é a principal entrada no Iêmen para alimentos e suprimentos humanitários, também é um centro usado pelos houthis para descarregar armas, sendo que o Irã é acusado de fornecê-las. Teerã nega as acusações.
Nesta quarta-feira, a coalizão confirmou que irá manter acesso aberto ao porto apesar de outro ataque a míssil contra Riad na terça-feira pelos houthis, que forças sauditas também interceptaram.
“Buscando manter ajuda humanitária ao fraternal povo iemenita e como um resultado de intensificadas medidas de inspeção, o comando da coalizão anuncia que o porto de Hodeidah irá permanecer aberto para suprimentos humanitários e de alívio”, informou a coalizão em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal saudita, SPA, nesta quarta-feira.
O embaixador saudita em Sanaa disse que a coalizão também irá permitir o fornecimento de quatro guindastes ao porto para impulsionar entrega de ajuda ao país prejudicado pela guerra. O embaixador, Mohammed al-Jaber, que falava em entrevista coletiva televisionada, não deu detalhes sobre como os guindastes serão entregues.
Neste ano, a Organização das Nações Unidas informou que a coalizão devolveu quatro guindastes que os Estados Unidos doaram ao Programa Alimentar Mundial para impulsionar operações de ajuda em Hodeidah.
Os guindastes iriam substituir partes da infraestrutura do porto destruída por ataques aéreos da coalizão em agosto de 2015, em danos que forçaram embarcações a se alinharem em alto mar porque não poderiam ser descarregadas.
A coalizão informou que embarcações levando combustível e comida também terão permissão para entrar por outros 30 dias, enquanto propostas feitas pelo enviado da ONU ao Iêmen são implementadas, acrescentou.
A agência não elaborou sobre as propostas. Mas a coalizão tem exigido que um regime de inspeção da ONU aceito em 2015 seja mais rigoroso para prevenir que armas cheguem aos houthi.
A agência de notícias estatal saudita, SPA, relatou que o rei Salman discutiu em telefonema com o presidente dos EUA, Donald Trump, maneiras “para responsabilizar o regime iraniano por seus atos hostis e seu envolvimento no fornecimento da milícia houthi com mísseis para ameaçar a segurança do reino e da região”.
“Os dois líderes também declararam no telefonema a necessidade de apoiar todos os esforços humanitários e de alívio para suspender o sofrimento do povo iemenita”, acrescentou.
O ataque a míssil de terça-feira ocorreu conforme os houthis marcam mil dias desde que a coalizão interveio na guerra do Iêmen em março de 2015 para restaurar o presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi após um avanço houthi contra sua base em Áden forçá-lo a fugir.
(Reportagem de Omar Fahmy e Mohammed Mukhashaf em Áden)