Por Dave Sherwood e Aislinn Laing
SANTIAGO (Reuters) - Os parlamentares que participaram de uma cúpula de crise com a coalizão governista do presidente chileno, Sebastian Piñera, pediram na terça-feira reformas para combater a desigualdade, em resposta a distúrbios em todo o país que semearam o caos e deixaram 15 mortes e mais de 2.600 pessoas presas.
As frustrações com o alto custo de vida e o aumento das passagens de metrô em Santiago tornaram-se um ponto de inflamação política contra o governo de centro-direita de Piñera, que pediu que as negociações com os parlamentares definissem um "novo contrato social".
Quase todos os principais partidos de oposição de esquerda rejeitaram o convite para negociações até Piñera mostrar provas de salvaguarda dos direitos humanos dos manifestantes em meio a relatos de mão pesada das forças de segurança durante um fim de semana de tumultos.
Membros da coalizão de Piñera e algumas figuras da oposição que compareceram às negociações disseram ter pressionado por reformas rápidas e abrangentes para conter a agitação e a desigualdade econômica.
"O presidente precisa ouvir o que o povo está pedindo, que é uma profunda mudança social. Ele precisa ouvir o povo, não apenas os partidos políticos", disse o ex-ministro das Relações Exteriores Heraldo Muñoz, chefe do Partido Democrata, de centro-esquerda.
Os manifestantes, ainda insatisfeitos, se reuniram novamente nas praças centrais de Santiago e em outras cidades na terça-feira, com poucos sinais de que os atos contra a desigualdade estão chegando ao fim. Em alguns lugares, a polícia começou a dispersar a multidão com canhões de gás e água. Os protestos foram maiores do que as manifestações de segunda-feira.
Manifestantes destruíram grande parte do sistema de metrô de Santiago, entre os mais modernos e extensos da região, causando mais de 200 milhões de dólares em prejuízos. Houve ainda saques em centenas de supermercados, casas, hospitais e prédios do governo em todo o país.