Por James Oliphant e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um discurso à nação na quarta-feira pela primeira vez desde que desistiu de sua candidatura à reeleição, dizendo que decidiu renunciar à ambição pessoal para salvar a democracia em um discurso tranquilo no Salão Oval que contrastou com a campanha acirrada.
Pouco antes do discurso, o republicano Donald Trump atacou a rival democrata Kamala Harris em seu primeiro comício desde que ela substituiu Biden no topo da chapa, sinalizando uma campanha atribulada antes da eleição de 5 de novembro.
Trump classificou Kamala como uma "lunática da esquerda radical" depois que ela dominou a campanha nos dois dias anteriores com ataques contundentes contra ele, que mencionaram suas condenações por crimes, responsabilidade por abuso sexual e julgamentos de fraude contra seus negócios, sua fundação de caridade e sua universidade particular.
O ímpeto da campanha de Kamala Harris cresceu quando a NBC News disse na quinta-feira que o ex-presidente Barack Obama planeja endossar Kamala como candidata democrata à Presidência em breve.
"Assessores de Obama e Kamala Harris também discutiram a possibilidade de os dois aparecerem juntos na campanha, embora nenhuma data tenha sido definida", informou.
Biden disse acreditar que merecia ser reeleito com base em seu histórico no primeiro mandato, mas seu amor pelo país o levou a se afastar.
"Decidi que o melhor caminho a seguir é passar a tocha para uma nova geração. Essa é a melhor maneira de unir nossa nação", disse Biden, depois de ter resistido aos apelos de dentro do partido para sair da disputa após sua fraca atuação em um debate com Trump em 27 de junho.
Biden, aos 81 anos, o presidente mais velho da história dos EUA, foi recebido com aplausos e música no jardim da Casa Branca após o discurso.
Trump foi menos gentil, dizendo em uma postagem em sua plataforma Truth Social que o discurso de Biden foi "pouco compreensível e muuuito ruim!".
Depois de passar boa parte da campanha atacando Biden como velho e fraco, Trump, de 78 anos, agora enfrenta uma candidata mais jovem, Kamala, 59 anos, a primeira mulher negra e asiática-americana a ocupar o cargo de vice-presidente.
Energizando muitos democratas como potencialmente a primeira mulher a assumir a Casa Branca, Kamala rapidamente consolidou o partido por trás dela. Sua campanha disse ter arrecadado 126 milhões de dólares desde domingo, com 64% dos doadores fazendo sua primeira contribuição para a campanha de 2024.
Sem adversários para a indicação, ela ganhou o apoio dos delegados do partido na segunda-feira, um dia após o anúncio de Biden.
O próximo desenvolvimento muito aguardado será a escolha de Kamala Harris de um candidato a vice-presidente para se contrapor à escolha de Trump pelo senador de Ohio J.D. Vance.
Entre os que estão sendo mencionados estão o governador de Kentucky, Andy Beshear, e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg.
O comitê de regras do Comitê Nacional Democrata concordou com um plano na quarta-feira para nomear formalmente Kamala Harris já em 1º de agosto - antes da convenção do partido de 19 a 22 de agosto em Chicago - com Kamala escolhendo um companheiro de chapa até 7 de agosto.
Trump tentou anular parte do ímpeto dela em um discurso agressivo em comício de campanha.
"Não vou ser bonzinho!", disse ele aos animados apoiadores em Charlotte, Carolina do Norte, um Estado decisivo em que as preferências de voto podem oscilar para qualquer lado.
Na terça-feira, Kamala Harris mostrou sua disposição para atacar, contrastando seu histórico como promotora com o histórico dele como criminoso condenado.
"Queremos viver em um país de liberdade, compaixão e estado de direito, ou em um país de caos, medo e ódio?", perguntou ela durante um discurso em Milwaukee.
(Reportagem de Steve Holland e James Oliphant em Washington e Nandita Bose em Indianápolis)