Por Andrew Hay
COYOTE, Estados Unidos (Reuters) - Foi o tipo de incêndio que aterrorizou comunidades do oeste norte-americano assolado por secas em anos recentes: uma floresta de pinheiros em chamas nas montanhas do Novo México preenchendo o ar com fumaça espessa e aromática.
Exceto que o incêndio foi ateado deliberadamente por prisioneiros estaduais vestidos com roupas vermelhas anti-fogo, que espalharam uma mistura de gasolina e diesel ao redor de árvores e arbustos.
A queima controlada de baixa intensidade pretendia eliminar a vegetação rasteira e proteger a floresta nacional de Santa Fé, e vilarejos circundantes, de incêndios florestais futuros, que estão se tornando mais frequentes e graves no oeste por causa da mudança climática.
Após um século tentando extinguir incêndios em horas, é cada vez mais comum os administradores de florestas dos Estados Unidos os iniciarem ou deixarem incêndios naturais arderem para destruir o combustível que pode transformar um incêndio florestal em uma catástrofe que destrói bacias hidrográficas e lares.
Os níveis de umidade acima da média deste verão diminuíram o número de grandes incêndios florestais no país e possibilitaram mais incêndios controlados, que imitam ataques relâmpago.
"Aprendemos com nossos erros ao apagar incêndios, montando uma base de combustível contínua", disse James Casaus, autoridade do Serviço Florestal dos EUA (USFS) a cargo do incêndio controlado próximo das montanhas onde seu avô costumava queimar clareiras na floresta para melhorar o pasto de ovelhas.
A abordagem federal se tornou mais urgente depois que incêndios florestais consumiram mais de 4 milhões de hectares em 2015 e 2017, as taxas mais altas desde 1952, segundo dados do Centro Nacional Interagências de Combate a Incêndios. Ao mesmo tempo, os custos federais e estaduais de combate a incêndios mais que triplicou, ultrapassando 4,5 bilhões de dólares na década encerrada em 2018.
O ponto de inflexão veio no ano passado, quando chamas engolfaram Paradise, na Califórnia, matando 86 pessoas no incêndio florestal mais mortífero já registrado pelo Estado, e o número de casas e estruturas destruídas em toda a nação mais do que dobrou em relação a 2017.
Em dezembro, o presidente Donald Trump assinou um decreto para acelerar projetos para reduzir os "combustíveis perigosos" através da poda de florestas, da queima e de um aumento de quase 20% na venda de madeira do USFS.
Em um comunicado por email, Vicki Christiansen, chefe do USFS, disse que o corte de árvores desempenha um papel no trabalho de redução de combustíveis, mas que a maior parte dele é realizado por outros meios.