Por Lisa Barrington
BEIRUTE (Reuters) - O Exército sírio anunciou que vai suspender por 48 horas, a partir deste sábado, as operações de combate na cidade de Dara, no sul do país. A decisão foi tomada enquanto mediadores empreendem duas tentativas separadas para marcar negociações de paz para o começo do próximo mês.
Um general do Exército sírio disse que o cessar-fogo, iniciado ao meio-dia local, foi implementado para ajudar os “esforços de reconciliação”, de acordo com um comunicado emitido pela agência de notícias Sana.
O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que pretende iniciar uma nova rodada de negociações de paz entre as facções sírias no dia 10 de julho, em Genebra, e Moscou disse esperar novas conversas na capital cazaque, Astana, em 4 e 5 de julho.
Desde a retomada das negociações de paz, no ano passado, já houve várias rodadas patrocinadas pela ONU em Genebra, entre representantes dos rebeldes sírios e o governo do presidente Bashar al-Assad, mas que resultaram em pouco progresso.
Outras negociações, patrocinadas pela Rússia, aliada de Assad, ocorrem em Astana desde janeiro.
Em comunicado, o departamento do principal mediador para o conflito sírio na ONU, Staffan de Mistura, informou que ele deseja realizar a sétima rodada de negociações em Genebra em julho, e outros encontros em agosto e setembro.
PAUSA NAS HOSTILIDADES
O conflito na Síria já dura mais de seis anos e matou centenas de milhares de pessoas, além de ter forçado a saída de 11 milhões de suas casas.
Em maio, o Irã, a Rússia e a Turquia patrocinaram um acordo que criou quatro zonas de apaziguamento na Síria. Os níveis de violência caíram nessas regiões, mas os conflitos continuaram em outras frentes, inclusive a de Dara.
Nas últimas semanas, o Exército sírio e milícias apoiadas pelo Irã intensificaram os ataques contra redutos rebeldes em Dara, em um possível sinal de que tentarão uma ofensiva ainda maior para controlar toda a área.
De Mistura disse nesta semana que o agendamento de novas conversas dependeria do sucesso da paz nas zonas de apaziguamento.
Uma instituição que monitora a guerra disse que a violência em Dara diminuiu após o cessar-fogo, mas rebeldes alegam que ainda há bombardeios e que as hostilidades não cessaram.
“Não ouvimos nada disso (cessar-fogo), e o regime continua nos atacando com a mesma intensidade”, disse, pouco mais de três horas após o início do cessar-fogo, um comandante rebelde na região.
(Reportagem de Lisa Barrington em Beirute e Suleiman al-Khalidi em Amã; Reportagem adicional de Andrey Ostroukh em Moscou, Shadia Nasralla em Viena e Stephanie Nebehay em Genebra)