Por Huseyin Hayatsever e Simon Lewis
ANCARA (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou à Turquia nesta quinta-feira para conversar sobre algo considerado crítico para assegurar a estabilidade na Síria: os conflitos entre forças curdas — apoiadas pelos Estados Unidos — e rebeldes aliados aos turcos. Blinken se encontrou com o presidente turco, Tayyip Erdogan, no aeroporto de Esenboga, em Ancara, após visitar a Jordânia. Foi a sua primeira viagem à região desde que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, foi derrubado, no domingo. Erdogan e Blinken discutiram os últimos acontecimentos na Síria, com Erdogan conclamando a comunidade internacional a trabalhar em conjunto para a reconstrução das instituições na Síria, disse a Presidência turca em um comunicado.
Erdogan também disse a Blinken que a Turquia tomaria medidas preventivas na Síria para sua segurança nacional contra todas as organizações que considera terroristas, disse o comunicado, acrescentando que Ancara não permitiria qualquer fraqueza na luta contra o Estado Islâmico.
Em um comunicado separado, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que Blinken observou o interesse comum dos EUA e da Turquia em apoiar uma transição política liderada pela Síria para um governo responsável e inclusivo.
Blinken enfatizou a necessidade de garantir que a coalizão para derrotar o Estado Islâmico possa continuar a executar sua missão crítica, disse Miller.
Na sexta-feira, o secretário de Estado se reunirá com o ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan. Aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Washington e Ancara apoiaram forças rebeldes durante os 13 anos de guerra civil, mas os interesses de ambos conflitam quanto a uma das facções rebeldes: as Forças Democráticas Sírias, de liderança curda. O grupo é o principal aliado da coalizão dos EUA contra os militantes do Estado Islâmico. Ela é liderada pela milícia curda síria YPG, que Ancara vê como uma extensão dos militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que o país proíbe e que luta contra o Estado turco há 40 anos. Antes de chegar a Ancara, Blinken afirmou que o PKK é uma “ameaça duradoura" para a Turquia. "Ao mesmo tempo, queremos evitar desencadear qualquer tipo de conflito adicional dentro da Síria, em um momento no qual ansiamos ver a transição para um governo interino e um caminho melhor adiante", disse.