Por Karl Plume
CHICAGO (Reuters) - Um ano após a aposta perdida de que a guerra comercial entre Estados Unidos e China se resolveria rapidamente, a comercializadora global de grãos Bunge enfrenta agora um ambiente de negócios ainda mais incerto, com um novo presidente-executivo, que está determinado a não queimar a empresa novamente.
Gregory Heckman, que se juntou ao conselho da Bunge no final do ano passado e assumiu como CEO em janeiro, disse à Reuters nesta terça-feira que melhorar o gerenciamento de riscos na empresa de 200 anos é fundamental, à medida que supervisiona uma revisão de portfólio que deve durar até meados de 2020.
Além de a guerra comercial entrar em seu segundo ano sem sinais de uma resolução, a Bunge e outras comercializadoras de grãos também encaram safras reduzidas por problemas climáticos nos EUA, um grande surto de peste suína africana na China, o que reduziu a demanda por soja, e oscilações cambiais que abastecem a incerteza em locais como a Argentina, principal exportadora de farelo de soja.
O surpreendente prejuízo registrado pela Bunge no segundo trimestre do ano passado, quando a crença em uma rápida resolução à guerra comercial fracassou, e uma nova aposta que desencadeou perdas no quarto trimestre são coisas que Heckman está determinado a evitar.
"Queremos evitar quaisquer surpresas pelo risco de decisões precipitadas", disse Heckman, referindo-se a riscos imprevisíveis, como as abruptas alterações políticas do governo norte-americano ou os tuítes do presidente Donald Trump.
"Embora tenhamos que tomar certas decisões para controlar os riscos inerentes e proteger as margens em nossos ativos de esmagamento, distribuição e moagem, tentamos nos manter absolutamente fora de qualquer grande mudança que possa ocorrer", acrescentou.
A Bunge manteve inalterado seu "guidance" para o ano de 2019 ao anunciar seus resultados do segundo trimestre em 31 de julho, mas alertou que as incertezas relacionadas à peste suína africana e à guerra comercial significavam que a maior parte do lucro do segundo semestre de 2019 viria do quarto trimestre.
"Acreditamos que nossos lucros (do segundo semestre) terão um forte peso do quarto trimestre. E ainda mais agora, provavelmente", disse Heckman.
A Bunge está em busca de agilizar suas operações e maximizar o lucro, como parte de seu programa de otimização de portfólio, já em andamento.
(Reportagem de Karl Plume em Chicago)